27 junho 2004

Ética de trazer por casa?

A ÚNICA, do Expresso desta semana (26.06.2007), traz publicado um trabalho sobre os homens e mulheres "gays" e lésbicas que optaram por ter filhos à margem da lei e das convenções tradicionais chamando a atenção para o facto de que cada vez mais crianças são pensadas e concebidas numa relação homossexual.

Tratando-se de matéria reconhecidamente polémica, quer pela sua novidade quer pelo conflito axiológico em que emerge, são sempre muito bem-vindos todos os argumentos e contra-argumentos, exemplos ou ilustrações, que possam vir a fazer alguma luz sobre o melhor caminho a seguir.

O que dá que pensar é a reacção "ética" do médico a quem duas lésbicas, vivendo juntas há mais de oito anos, foram pedir ajuda para chegarem à experiência da maternidade através da inseminação artificial, reacção essa de que esta parte do texto muito claramente nos dá conta:

Numa clínica de Lisboa, o médico comunicou-lhes que por razões de ordem ética, não poderia fazer a inseminação. Mas sugeriu que as próprias a concretizassem - o plano era simples: uma inseminação caseira, leia-se, feita em casa.

Ó meuszz amigoszzz... "razões de ordem ética"?

Que ética será a deste médico que recusa uma inseminação artificial na clínica onde trabalha mas já se conforma e até a sugere, se for feita em casa da interessada? Enfim, só pode mesmo ser uma ética de trazer por casa...