11 julho 2004

Pacheco na oposição

Adivinhava-se.

Pelo modo como nos últimos dias foi erguendo a sua voz contra Barroso, contra Santana, contra Portas e contra o populismo despesista.

Pelo tom depreciativo como associou a escolha de Barroso às fraquezas da actual Europa.

Pela confissão pública de que se sente traído.

Pelo apoio que deu à tese de Golpe de Estado de que falou Manuela Ferreira Leite.

Pela chuva de críticas que fez ao desempenho de Santana Lopes como presidente da Câmara de Lisboa.

Por muito mais que nem é preciso mencionar.

Adivinhava-se.

Se a tão esperada decisão do Presidente da Republica viesse confirmar os seus piores receios (como veio), Pacheco Pereira teria que fazer qualquer coisa.

Não admira, por isso, que, logo no dia seguinte, pela manhã cedo, afixasse no seu Abrupto uma espécie de agenda, algo enigmática:

Chegados à fase do “que fazer?”, vamos começar a falar do que é possível fazer, na sequência que se usava nas velhas reuniões associativas: “Informações. Análise da situação. Medidas a tomar”. É só um começo. Bom ânimo!

O enigma, porém, viria a ser desfeito ontem à noite, já na parte final do programa “Quadratura do Círculo”, na SIC Notícias, quando Pacheco Pereira anunciou com todas as letras que vai fazer oposição... ao PSD. Resta saber se “no” PSD ou fora dele.

Seja como for, o PS deverá ficar-lhe eternamente grato, pelo menos, enquanto durar o seu “apagão” de liderança.