11 setembro 2005

Talvez

A (*) Carla Hilário Quevedo, na sua crónica de ontem na ÚNICA (Expresso), define o programa "Estes difíceis amores", da :2, como uma "espécie de clube de leitura de cartas de espectadores em difícil situação afectiva". O programa, para quem não sabe, roda à volta de dois eminentes psiquiatras e sexólogos (os Drs. Júlio Machado Vaz e Gabriela Moita) e de uma leiga: a jornalista Leonor Ferreira (LF). E é precisamente por notar o fraco desempenho desta última que a Carla, construtivamente, sugere: "Talvez se LF lesse as cartas, a coisa funcionasse melhor".

Trata-se, realmente, de uma excelente dica. Por duas razões:

Primeiro, porque a Leonor Ferreira anda frequentemente "aos papéis" e, não raras vezes, mais parece uma autêntica paciente, que aproveita a presença dos dois renomados especialistas da coisa psíquica para tirar a limpo os seus próprios males. Mas é claro que pode ser só impressão minha. Seja como for, se passasse a ler as cartas dos espectadores justificaria, ao menos, a sua presença em estúdio.

Segundo, porque a leitura das cartas feita pelos próprios especialistas, para além de configurar um péssimo momento televisivo, é rematado desperdício, face à sua alta qualificação científica. Quem vê o programa não ligou a televisão para ficar a ouvir o Dr. Júlio Machado Vaz e a insigne colega a lerem as cartas que lhes escrevem. Quer, isso sim, ficar a conhecer as suas abalizadas respostas, os seus preciosos ensinamentos.

(*) Carla - e não Clara como por lapso escrevi inicialmente. Eu sei o que foi: a crónica estava tão clara, tão clara, que Clara me pareceu o seu próprio nome. Desculpas.