10 novembro 2005

O seleccionador-astrólogo

Há pouco mais de três semanas e na sequência de uma amável interpelação do Paulo Cunha Porto, escrevi aqui:

(...) face às práticas mágicas perfeitamente estereotipadas que continuam a ter lugar, independentemente de raças e de graus de cultura, é ainda Gehlen quem considera que a extraordinária expansão da magia em todo o mundo e a sua persistência em todas as épocas só pode radicar em algo de antropologicamente fundamental.

Acontece que talvez nem Arnold Ghelen se atrevesse a imaginar que, em pleno terceiro milénio, e no coração de uma europa da cultura, a dita magia pudesse vir a dar cartas, logo numa das suas mais aberrantes modalidades: a pura crendice.

O certo é que Raymond Domenech, seleccionador francês de futebol, acaba de adiar a escolha do guarda-redes para o Mundial de 2006 (que já deveria ter anunciado), por razões astrológicas. "Consultei os astros. Não era o dia certo"- disse (**). E mais adiantou que "não confia nos jogadores nascidos sob o signo do Escorpião - caso de Robert Pires, do Arsenal - e que os futebolistas do signo Leão não são bons defesas, porque têm tendência para se exibirem" . Mas que signos mais desagradáveis. Ainda bem que sou Virgem.


(*) M/post "A magia do gato", de 16.10.2005,
(**) Cf. Público de hoje.