Excerto de um livro não anunciado (358)
Por muito sedutora que seja esta proposta de Petty e Cacioppo, não parece possível isentá-la de alguns reparos, nomeadamente, quando confrontada com o conceito de persuasão crítica que vimos sustentando, ao qual, em nossa opinião, não se ajusta. É o caso, por exemplo, da excessiva generalização empreendida pelos respectivos autores, que, na ânsia de uma grande síntese, viram-se forçados a deixar de lado muitas das particularidades de cada uma das diferentes investigações, teorias e situações persuasivas que lhes serviram de referência. Foram assim conduzidos, em nome de um único e algo arbitrário princípio unificador – o princípio do pensamento activo – à separação entre a persuasão que enfatiza a informação de que o receptor dispõe sobre a questão em aberto (via central) e a persuasão que se orienta e rege por factores e motivos que parecem não possuir qualquer relevância informativa ao nível da apreciação da causa (via periférica), tais como sublinhar a credibilidade do comunicador ou as consequências da não adopção da solução proposta, a administração de recompensas e punições, a atractibilidade da mensagem ou da sua apresentação e um muito vasto leque de técnicas ou procedimentos persuasivos mais virados directamente para a decisão ou acção do receptor do que para a sua compreensão da respectiva mensagem. O resultado foi o agrupar em cada um dos lados (via central e via periférica), distintas investigações cuja autonomia e diversidade tendem a passar despercebidas quando classificadas apenas em função da informação relevante sobre a questão em apreço.
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