03 novembro 2007

Jornalismo e verdade (1)


Dependemos de jornalistas que nos digam a verdade, que verifiquem, que não inventem.

- dizia há pouco um comentador convidado, no programa da Oprah.

Que verifiquem, sim. E não que sejam apenas honestos, como se vai por aí defendendo, à semelhança do que um dia afirmou o fundador do "Le Monde". Um jornalista honesto é, já se vê, um jornalista que não inventa. Mas jornalista honesto é ou pode ser também aquele que se limita a transmitir a informação tal e qual lhe foi fornecida pela fonte. Sem nada lhe acrescentar, sem a adulterar. Maior honestidade não é possível. E contudo, muito mais do que isso se espera de um jornalista.

Espera-se, entre outras coisas, que verifique os dados que lhe cheguem às mãos, que teste a veracidade do relato, que confirme a objectividade da interpretação. Claro que não se trata de uma exigência da verdade absoluta mas tão somente de um método, de um caminho de aproximação à verdade, que é o que o respeito pelo princípio da objectividade jornalística é.

Por certo que, em qualquer caso, a notícia terá sempre o seu "quid" de opinião, de subjectividade jornalística. Mas esta é a subjectividade trivial, própria da condição humana, uma subjectividade que, aliás, não tem de ser necessariamente uma coisa má, antes pelo contrário, quando assumida permite ao leitor distinguir mais facilmente entre os próprios factos e a interpretação que deles fez o jornalista. Mau é este fazer passar a notícia como pura verdade quando, em nenhum caso, da opinião se pode livrar.