15 janeiro 2008

Espécie de defesa da honra socrática

Retomo as insólitas dúvidas que António Barreto levantou sobre Sócrates ser ou não ser fascista, para assinalar o que me parece ter sido uma falha persuasiva na espécie de defesa da honra socrática que José Júdice patrocinou na sua crónica da passada sexta-feira, no Público.

A espécie de defesa da honra socrática começou no próprio título da crónica, que não podia ser mais assertivo - "O primeiro-ministro não é fascista" – e continuou, ainda que de forma muito mais atenuada e difusa, no próprio texto onde, quase a terminar, o cronista anuncia:
"Ao contrário do meu Amigo António Barreto, julgo saber (*) que ele não é fascista."

Ora para quem pretendia afirmar o contrário do que dissera António Barreto, não haveria que ser um pouco menos indeciso? É que se Júdice apenas “julga saber” (mas não diz que sabe) que o primeiro-ministro não é fascista, com isso não está propriamente a desdizer o seu amigo António Barreto já que este também se limitou a dizer que não sabe se Sócrates é fascista mas que não lhe parece. O que se pode dizer é que se um (Júdice) julga saber que Sócrates não é fascista, ao outro (Barreto) também não lhe parece que seja. Mesmo reconhecendo o alto nível do defensor: terá sido uma boa defesa?

(*) O bold é meu