09 janeiro 2008

Liberdade ameaçada?

Escreveu António Barreto (*) que não sabe se Sócrates é fascista. Que não lhe parece, mas que, sinceramente, não sabe. "O que tu queres sei eu" - diriam aqui, em uníssono, os "Gato Fedorento", verdadeiros mestres na arte do duplo sentido. As crónicas de António Barreto são uma referência para o nosso pensar (e viver) democrático, nomeadamente, quando assinalam os excessos de quem nos governa. Mas não é aceitável que se responda a um excesso com outro, que é o que o insigne sociólogo faz na sua última crónica quando diz que não sabe se Sócrates é fascista (ainda que não lhe pareça) ou até quando sentencia: "O primeiro-ministro é a mais séria ameaça contra a liberdade". Não fica mal medir as palavras, principalmente quando a crítica se reparte pelo carácter e pelo ideal de vida do visado. Quanto ao mais, não sendo admirador, também tenho opinião: oxalá que todas as ameaças à liberdade fossem tão sérias como a que Sócrates representa ou potencia.

(*) Público, 06 Jan 2008