17 janeiro 2008

O PSD, o Banco de Portugal e os louros abarbatados

Até acredito que isto seja verdade: que a "persistência com que as direcções da Comissão Política e do grupo parlamentar do PSD sublinharam a importância de o governador do BP ser ouvido com urgência no Parlamento" tenha contribuído para a antecipação da audição parlamentar do governador do Banco de Portugal, de dia 24 para dia 21.

Mas o que leva o PSD a olhar para esta antecipação da audição como se de uma sua primeira vitória ou troféu político se tratasse, quando tudo permanece por esclarecer? Há aqui qualquer coisa que nada deve a uma ideia de proporção, de pudor ou de equilíbrio, para já não dizer de correcção, na actividade política. Porque se o PSD cumpriu o seu dever ao reclamar uma urgência que lhe parecia justificada, o governador do Banco de Portugal não lhe ficou atrás ao vir ao encontro da sua reclamação.

Ao abarbatar-se assim tão pressurosamente aos louros da própria antecipação da ida de Vítor Constâncio ao Parlamento, o PSD não só dá a sensação de que já tudo lhe serve para mostrar serviço como deixa um claro sinal aos seus adversários políticos: a partir de agora, é melhor pensarem duas vezes antes de dizerem que sim a qualquer proposta, reclamação ou sugestão do PSD. Ou, pelo menos, ficam a saber o que os espera.