A língua que ela tem
O que escreve Margarida neste seu mais recente livro:
“passei a vida inteira aos encontrões com gajos giros que são parvos, com gajos sérios que são enfadonhos, com indecisos confusos, com mentirosos e predadores, experimentei tudo e mais alguma coisa, aprendi a distinguir à légua um tipo porreiro de um filho da puta, aturei drogados, jogadores compulsivos, palermas com um feitio de merda e com pilas pequenas, ensinei os gajos a foder e a fazer minetes como deve ser (…) (Ípsilon, 11 Jul 2008)
“passei a vida inteira aos encontrões com gajos giros que são parvos, com gajos sérios que são enfadonhos, com indecisos confusos, com mentirosos e predadores, experimentei tudo e mais alguma coisa, aprendi a distinguir à légua um tipo porreiro de um filho da puta, aturei drogados, jogadores compulsivos, palermas com um feitio de merda e com pilas pequenas, ensinei os gajos a foder e a fazer minetes como deve ser (…) (Ípsilon, 11 Jul 2008)
A explicação
Numa entrevista a Carlos Vaz Marques, Margarida explica:
"as pessoas devem falar daquilo que conhecem. Daquilo que transpiram. Daquilo que sabem. Daquilo que viveram. Isso é que dá autenticidade à escrita. Isso é que provoca identificação com o leitor. É a vida como ela é." (Ípsilon, 11 Jul 2008)
"as pessoas devem falar daquilo que conhecem. Daquilo que transpiram. Daquilo que sabem. Daquilo que viveram. Isso é que dá autenticidade à escrita. Isso é que provoca identificação com o leitor. É a vida como ela é." (Ípsilon, 11 Jul 2008)
A Crítica
Para Maria da Conceição Caleiro (Ípsilon, 11 Jul 2008),
em "Português Suave" os altos não são particularmente altos, nem os baixos chegam ao fundo. Tudo rola à superficie, uma espécie de pântano prolongado por 251 páginas, monocórdico. (…). A narrativa constrói-se na primeira pessoa, a várias vozes, diferentes gerações de uma mesma família, sobretudo femininas. Mas o "ethos" que se sente não se altera substancialmente. Ninguém se distingue a sério de ninguém. É o grau zero do erotismo, embora não fale de outra coisa senão de cama (…).Apetece dizer: "não, Margarida, ainda não é bem literatura".
em "Português Suave" os altos não são particularmente altos, nem os baixos chegam ao fundo. Tudo rola à superficie, uma espécie de pântano prolongado por 251 páginas, monocórdico. (…). A narrativa constrói-se na primeira pessoa, a várias vozes, diferentes gerações de uma mesma família, sobretudo femininas. Mas o "ethos" que se sente não se altera substancialmente. Ninguém se distingue a sério de ninguém. É o grau zero do erotismo, embora não fale de outra coisa senão de cama (…).Apetece dizer: "não, Margarida, ainda não é bem literatura".
A reacção do público
“Português Suave”, de Margarida Rebelo Pinto, em 1.º lugar no TOP dos 10 + vendidos, no Corte Inglês.
Conclusão
Está visto que Margarida escreve “aquilo” que milhares e milhares de pessoas estão dispostas a comprar. Logo, tem mercado, algo de que a maioria dos escritores não se pode gabar. Na circunstância, “aquilo” é um livro. Mas podia muito bem ser outra coisa qualquer. Um livro sem literatura, diz a Crítica. E fica (quase) tudo dito. Margarida não interpela o leitor, vai ao seu encontro, fala-lhe daquilo que conhece, do que sabe ou do que viveu. Acredita que isso dá autenticidade à escrita e é bem provável que dê. Sucede que no caso de Margarida Rebelo Pinto, o problema não é o mercado nem a vida (antes pelo contrário). O problema é a escrita, já para não dizer, a língua. E esse é um problema que nenhum sucesso de vendas pode resolver.
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