09 outubro 2008

Retórica comicial

Completamente de acordo. O tom comicial pode ser persuasivamente o mais apropriado para animar as próprias hostes, para atiçar o ânimo dos que "já cá cantam", para agradar aos que já vêm pelo caminho a aplaudir o grande líder. Mas é um tom mais adequado aos "nossos", do que aos "outros", os que integram as bancadas da oposição e sobretudo, muitos dos que acompanham as transmissões pela TV (em directo ou em diferido). Estes "outros", não vieram para apreciar o espectáculo mas sim para escutar as razões e os argumentos do Governo. Estes "outros" têm também a noção de que o Parlamento nada ganha em se assemelhar a um Teatro, mesmo quando o primeiro-ministro figure à cabeça do elenco. É certo que por mais de uma vez, e em diversas bancadas, este ou aquele deputado leva a sua veia dramática ao ridículo, por vezes, mesmo à palhaçada. Mas daí até ver um primeiro-ministro cair na esparrela de os imitar, deveria ir maior distância, até porque, na medida em que os imita, perde toda autoridade para os criticar.