10 agosto 2005

O que diz o meu amigo Pinheiro

Hoje dei um salto a Albergaria a Velha para falar com o meu amigo Pinheiro que, por sinal, é dono de alguns pinhais e até há muito pouco tempo possuía uma serração de madeiras. Não é, por isso, de estranhar que seja uma pessoa muito familiarizada com as madeiras, as florestas, a falta de limpeza das matas e claro, com os sinistros fogos que a cada verão ameaçam vidas, destroem haveres, espalham dor e tragédia por esse país fora.

E o que diz o meu amigo Pinheiro? Diz que a existência de maior quantidade de eucalipto do que de pinheiro ou de carvalho nas nossas florestas, deve-se a razões de ordem económica. Porque o crescimento do carvalho leva 50 anos, o crescimento do pinheiro leva 35/40 anos e o crescimento do eucalipto leva apenas 10 anos. Logo, plantar eucalipto é muito mais rentável a curto prazo, podendo mesmo dizer-se que, do ponto de vista do proprietário, plantar eucalipto é plantar para si próprio, plantar pinheiro é plantar para os filhos e plantar carvalho é plantar para os netos.

Já sobre a limpeza da mata o meu amigo considera que a mesma pode ser manual ou automática. A manual tem custos economicamente incomportáveis. A automática não é possível em terreno acidentado como sucede, em grande medida, com o nosso. Logo, será irrealismo esperar que sejam (só) os proprietários dos terrenos a assegurar tal medida de prevenção (cuja eficácia é, aliás, posta em causa por especialistas florestais).

Por último quanto às causas dos incêndios, está plenamente convencido de que na maioria dos casos se trata de fogo posto, seja por pura maldade, por "vinganças" pessoais, por insatisfação social, etc. e adianta que o facto do clima mediterrânico ser mais propício à ignição é, sem dúvida, um importante factor de agravamento.