15 setembro 2005

Há coincidências?

No entanto, verificada a susceptibilidade prevalecente, a última impressão ou suspeita que Sócrates devia deixar criar é a de privilegiar critérios de pertença partidária nas nomeações de cargos públicos sem evidente natureza política, em especial lá onde, no conceito público, até pode justificar-se alguma distância em relação ao Governo.

Vital Moreira, in "O Factor partidário", Causa Nossa

E lá continua o nosso professor a insistir no argumento da susceptibilidade da opinião pública e das críticas da oposição. Compreende-se. É uma forma (subtil) de discordar do Governo sem ter que o declarar, de criticar na forma sem questionar a substãncia, de transferir o erro das nomeações propriamente ditas para as suas consequências junto da opinião pública. Só faltou mesmo vir dizer que o erro é do Governo, mas a culpa é da Oposição (que é uma desconfiada).

Sejamos claros: que pessoas de "elevadíssimo gabarito" não fiquem sujeitas a uma "capitis deminutio" por serem "membros, dirigentes e/ou deputados do partido governamental" é coisa que não suscita a menor controvérsia na sociedade portuguesa. O que pode custar a engolir é que tais pessoas de "elevadíssimo gabarito" tenham ido todas ou quase todas parar ao partido do governo, como as mais recentes nomeações governamentais dão a entender. Ou há coincidências?