De há uns tempos a esta parte, dou-me conta de que já não consigo acompanhar a par e passo as mil e uma novidades de cada dia. São telejornais que falho ou a que chego atrasado; são jornais olhados mas nunca devidamente lidos, são programas de rádio que me apanham fora do carro (único sítio onde vou conseguindo ouvir rádio). E agora, claro, são também inúmeros blogues feitos por "gente tão confiável" que em vão tento consultar diariamente.
No início, ainda fiz um (grande) esforço para não descolar da vertiginosa marcha de factos novos ou recriados que vão ocorrendo pelo país e pelo mundo. Quem não gosta de saber das últimas? Sabe-se lá porquê, a novidade é um não-valor que inebria. A novidade, atrai, emociona, seduz. Mas será sempre tão vantajosa como regra geral se apresenta?
Pus-me a meditar:
1) A novidade implica rapidez. E a rapidez conduz à pressa, por vezes, mesmo, à precipitação.
2) As notícias são produzidas para todos e eu, desses "todos" sou apenas um. Logo, uma grande fatia dessas notícias só por milagre me poderiam interessar.
3) A recorrência noticiosa é hoje uma instituição: na rádio e na televisão, instalou-se o hábito de repetir até à exaustão as mesmas notícias, em todos os noticiários do dia (e por vezes até dos dias seguintes).
4) Uma parte muito considerável das notícias são mais voláteis que o éter: fazem algum estrondo quando surgem, mas passados uns dias desaparecem da memória mediática e social.
E mudei de estratégia: hoje dou muito mais valor ao que
foi (mas já não é) notícia. E estou a gostar. O meu "ratio" de
leituras/notícias com interesse subiu espectacularmente. E fico com mais tempo para vir aqui escrever patetices como esta...