30 março 2009

Depurada mixórdia

Adeus Woody Allen

Era impossivel continuar a exigir obras-primas todos os anos e o número final é o mais elevado de sempre na historia do cinema, com excepção de John Ford. O pior é que Woody Allen está a deixar de ser Woody Allen. Em "Vicky Cristina Barcelona" perdeu a cabeça e fez um filme idiota. Parece obra de epígono.

Clara Ferreira ALves
Revista Única, Público, 21 Mar 2009

Também fiquei decepcionado, depois de ver esta fantochada do "Vicky Cristina Barcelona". Tanto que, a partir de agora, não será mais Woody Allen a "empurrar-me" para um mau filme. Muito pelo contrário, só um bom filme me fará voltar a Woody Allen.

29 março 2009

Seja qual for o eleito

Fui à Covilhã assistir à audição de dois dos quatro candidatos a Reitor da UBI e segui a apresentação dos outros dois pela Web. Gostei muito do que vi e ouvi. Abençoada universidade que tem quatro personalidades desta envergadura científica e profissional, dispostas a servi-la ao mais alto nível de exigência e responsabilidade. Daí que algo se possa, desde já, antecipar: seja qual for o eleito, será sempre a UBI a grande vencedora.

03 março 2009

Sapo incauto

O Sapo diz hoje que está uma Noite calma em Bissau (TSF) e que a capital guineense «adormeceu» tranquila, com a maioria das pessoas a permanecerem em casa por precausão (aliás, dizia, porque entretanto, foi feita a devida correcção) *

"precausao"? Está certo, chamem-lhe gralha. Mas há Sapos que são muito difíceis de engolir.


*actualizado em 24.03.2009

01 março 2009

O homem.com medo de si próprio (13)

Assiste-se a um generalizado processo de abstracção progressiva das artes e das ciências, em que, para além dos círculos “restritos dos chefes de fila de competência muitas vezes internacional, que realmente criam e produzem, só poderá haver uma minoria de leigos interessados e realmente preparados para as compreender” [30]. Sempre orientado para a estreita relação da cultura moderna com a técnica, Gehlen diz que entre ambos os domínios, o problema da exequibilidade é o que ocupa a posição central. O que verdadeiramente interessa é “variar os meios de representação, os modos de pensamento e os processos, comprovando-os experimentalmente, pondo-os em jogo até esgotarem todas as possibilidades e observar o que daí resulta” [31]. O importante agora é descobrir tudo o que se pode fazer com certas técnicas e métodos conhecidos, os quais variando constantemente sem qualquer finalidade prévia, asseguram uma experiência multi-modal e sucessiva.

Tudo isto em obediência a uma atitude experimental, que, inscrevendo-se no correspondente ambiente científico, vai estender-se aos próprios domínios das ciências do espírito, fazendo com que se esbata a diferença metodológica até aí observável entre estas e as ciências da natureza. Encontramo-nos assim num mundo científico que já nada tem de clássico e no qual nenhuns preconceitos subsistem relativamente às qualidades dos objectos em questão. Verifica-se um cada vez maior afastamento do concreto e assiste-se ao movimento geral de desconcretização dos objectos, que Gehlen assim descreve: “a penetração do espírito experimental em toda a espécie de artes e ciências conduz necessariamente a uma deturpação dos objectos, a despreocupadas decomposições e recomposições dos conteúdos, determinadas exclusivamente pelo método escolhido. Inevitável também e necessária é a radical racionalização dos objectos, ocasionada por este processo: perdem o carácter sensível, tornam-se mais abstractos, menos concretos e por fim ‘autónomos’, de um modo dificilmente descritível a partir de fora. Os resultados integralmente exactos não podem ser traduzidos por palavras ou são apenas evidentes durante a operação metódica”
[32]
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__________
[30] Arnold Gehlen (s/d), A alma na era da técnica, Lisboa: Livros do Brasil, p 37
[31]
ibidem, p. 39
[32] ibidem, p. 43


in Américo de Sousa (2004), O homem com medo de si próprio, Porto: Estratégias Criativas, pp. 25-26

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