31 julho 2005

Excerto de um livro não anunciado (250)

De resto, em certa medida, essa tarefa aparece facilitada na retórica, pois dado que todas as propostas ou teses são submetidas ao teste da discutibilidade, sempre se poderá dizer, como o faz M. Maneli, que “os argumentos podem ser rejeitados pelos auditórios por várias razões, mas mentiras, usadas numa troca livre de argumentos, podem ser trazidas à luz mais depressa do que de qualquer outra maneira. Não há garantias contra a falácia, mas a falácia é mais difícil de realizar e de manter indetectada quando o interlocutor é livre para pensar, para falar, para recolher material, para investigar o caso, quando ele é livre e está preparado para tomar parte no processo da argumentação” (*).

(*) Cit. in. Grácio, R., (1993), Racionalidade argumentativa, Porto: Edições ASA, p. 104

30 julho 2005

Excerto de um livro não anunciado (249)

É que além do mais, enquanto discurso persuasivo, a retórica faz apelo a uma linguagem natural que é inseparável do concreto contexto cultural que lhe precisa as significações e determina os seus modos de expressão. Logo, ao veicular desse modo um conhecimento implícito que remete para um determinado campo de valores e noções, a linguagem natural é ela mesma portadora de condições de compreensão e comunicação, que tornam acessível ao auditório uma adequada interpretação do discurso, nomeadamente, as eventuais segundas intenções do orador. É certamente isto que leva Rui Grácio a considerar que “o homem que fala não é uma presa indefesa contra a instrumentalização de que se tornaria alvo por via de eloquências bastardas e de seduções linguísticas duvidosas, que Platão tanto temia” (*). Do que ele não pode demitir-se é da responsabilidade de decifrar as intenções de quem lhe fala, com base nas inferências que tem o direito de fazer a partir do que lhe é literalmente dito .

(*) Grácio, R., (1993), Racionalidade argumentativa, Porto: Edições ASA, p. 103

28 julho 2005

Governo demolidor

É muito discutível que o Governo de um Estado que não tem dinheiro para pagar o que gasta (e muito menos para pagar o que deve) no seu dia-a-dia, possa meter-se em investimentos públicos de “grande cavalada” sem qualquer garantia de rendibilidade em tempo útil. Mas que se atreva a deitar milhões e milhões de euros ao lixo, pouco tempo depois de nos “cravar” com mais uma subida de impostos, é imperdoável, para não dizer mesmo indecoroso.

Ora é o que este Governo se prepara para fazer, ao financiar a demolição do Prédio Coutinho, de Viana do Castelo. E fá-lo, não porque o dito ameace ruína ou porque a qualquer título se mostre disfuncional, mas unicamente por razões estéticas. Isso mesmo. Por razões estéticas. Que “agride a paisagem” e interrompe a “linha do horizonte”, diz-se. E não custa a acreditar. Mesmo aos olhos de um leigo, o raio do prédio abarbata-se a uma desmesurada volumetria (como agora se diz), face ao tipo de construção envolvente.

É provável que não devesse nunca ter sido licenciado. Mas isso agora não interessa. O que interessa é que foi autorizado. E há já não sei quanto tempo que é (e continua a ser) habitado. Nos últimos anos, antes e depois da polémica decisão camarária da sua demolição, o estafermo do prédio mais o seu porte e a implantação de cariz algo “exibicionista” atraiu, por certo, os olhares dos turistas e dos próprios habitantes de Viana.

Não sei se haverá um inventário das reacções suscitadas mas também é verdade que o gosto nunca foi modelo de convergência ou unanimidade. Logo, o desagrado de uns juntou-se, porventura, à tolerância e até ao agrado de outros. Em qualquer caso, não consta que tão imponente “mamarracho” tenha alguma vez causado qualquer espécie de náusea, urticária ou depressão reactiva a quem lhe tenha posto a vista em cima. É por isso difícil de compreender e muito mais difícil, ainda, de aceitar a “decisão política” (expressão da moda) de demolir o Prédio Coutinho.

Num país mergulhado em profunda crise económico-financeira, com tão graves problemas por resolver ao nível das necessidades mais básicas dos cidadãos, o mesmo Governo que se escuda na falta de fundos para justificar o aperto do cinto e a perda de regalias, não pode dar-se ao luxo de “fazer voar” tantos milhões de euros financiando a demolição de um prédio por razões estéticas. Isto não é mera paisagem. Isto é um absurdo.

26 julho 2005

Declarações de desagravo

Nunca sei o que pensar quando leio em diferentes jornais este tipo de declarações mais ou menos solenes e com grande destaque:

O indivíduo X declara que quando acusou o indivíduo Y de corrupção, não teve a intenção de ferir a sua honra pelo que pede desculpas se com as suas palavras deu azo a erradas interpretações.

Percebe-se a lógica do ofensor: opta pela "cambalhota declarativa" para não ter que responder em tribunal. Mas do lado do ofendido, o que o fará contentar-se com uma declaração destas quando, como se sabe, a retirada de uma acusação pública nunca dissipa, por si só, toda a carga de insinuação que lhe está associada? Há, pelo menos, duas hipóteses:

Numa primeira hipótese, a aceitação da declaração sugere algum comprometimento do ofendido. Temendo que venha a lume qualquer facto da sua vida que o incrime, não apresenta queixa formal contra o ofensor e contenta-se com a declaraçãozita que é assim como que uma forma expedita de "salvar a face" sem levantar muita "poeira". Há a tal questao da insinuação que permanece, isso é verdade, mas também não é a poeira da insinuação que preocupa quem já estiver enlameado .

Numa segunda hipótese, o ofendido é a generosidade em pessoa e a sua capacidade de perdoar não tem limites. Nesse caso, teria sido melhor opção dispensar a respectiva declaração. Assim, livra-se da acusação mas não se livra da fama.

A arte de distrair os Media

Ao anunciar o seu apoio a Mário Soares em pleno escrutínio mediático da inopinada substituição do seu Ministro das Finanças, Sócrates provou, uma vez mais, que sabe como poucos distrair os Media. Nada disto seria preocupante se não soubéssemos que, hoje em dia, distrair os Media é sempre, também, distrair-nos a nós.

24 julho 2005

Ao que parece

O rejuvenescimento de Mário Soares é proporcional ao envelhecimento do PS.

Um final pouco poético

O filme ainda decorre mas, a julgar pelas últimas cenas, irá ter um final muito pouco poético:

1-Alegre declara-se disponível para ser o candidato do PS à Presidência da República

2-Entrevistado pelo DN, Freitas perfila-se como possível candidato a Belém pelo PS e Sócrates considera a entrevista "muito inteligente"

3-Alegre mostra-se atento e reafirma a sua disponibilidade para ser o candidato do PS

4-Mário Soares, astuto, diz que apoiará o candidato que o PS apoiar

5-Em entrevista ao JN, Sócrates torna público que apoiará a eventual candidatura do Dr. Mário Soares

Para uns, alguma coisa não rima aqui. Para outros, não é tempo de poesias. Seja como for, o facto de Alegre ter concorrido contra Sócrates à presidência do partido enquanto Soares o tem elogiado pela coragem perante as dificuldades, vem mostrar que, afinal, sempre há coincidências. E só um poeta as poderia ignorar.

Sócrates contradiz Freitas do Amaral

Sócrates revela-se exímio no trocadilho político: depois de ter prometido uma outra política com o mesmo ministro (Campos e Cunha), vem agora prometer a mesma política com outro ministro (Teixeira dos Santos). É, sem dúvida, um trocadilho de belo efeito. Mas, ao mesmo tempo, deixa cada vez mais claro que Freitas do Amaral errou: o actual Executivo não governa melhor do que comunica.

23 julho 2005

O excesso de crença

(...) o ressurgimento da religião não suscitaria nenhuma preocupação política, não fosse ele acompanhado de um fenómeno de radicalização e de fundamentalismo (...) (V. M.)

Este trecho do oportuníssimo post
Pos-Secularismo, de Vital Moreira, traz-me à memória a forma como Gustave Le Bon descreve o sentimento religioso (que, segundo ele, estará na base das convicções das massas):

Este sentimento [religioso] tem características muito simples: adoração de um ser supostamente superior, crença no poder que se lhe atribui, submissão cega aos seus mandamentos, impossibilidade de discutir os seus dogmas, desejo de os difundir, tendência para considerar como inimigos todos aqueles que recusem aceitá-los. A aplicação de um tal sentimento a um Deus invisível, a um ídolo de pedra, a um herói ou a uma ideia política nunca deixa de ter essência religiosa. O sobrenatural e o miraculoso também aí se encontram. Para as massas, a fórmula política ou o chefe vitorioso que os fanatiza assumem momentaneamente um mesmo poder misterioso.

Mas nada de leituras apressadas pois, ao contrário do que parece, Le Bon não está aqui a atacar as religiões, nem a religiosidade, mas antes, a chamar a atenção para o perigo a que o "excesso de crença" numa particular maneira de encarar o mundo e vida nos pode conduzir. É que, para Gustave le Bon (*),

"não se é religioso somente quando se adora uma divindade, mas também quando se colocam todos os recursos da mente, todas as submissões da vontade, todos os ardores do fanatismo ao serviço de uma causa ou de um ser que se tornou objectivo e o guia dos sentimentos e das acções.

Nenhuma dúvida subsiste, portanto, de que Le Bon tem em mente tanto os abusos que se praticam em nome da fé, como os que se praticam em nome da razão. Por isso afirma que a intolerância e o fanatismo "são inevitáveis junto daqueles que crêem possuir o segredo da felicidade terrestre ou eterna". Quem ousa discordar? Eu, passo...

(*) Le Bon, Gustave, (2005), Psicologia das Massas, Lisboa: Ésquilo, pp. 79-80

22 julho 2005

Recado (mal) recebido

O artigo "Economia e Finanças" de Campos e Cunha que, como o Público hoje refere, esteve no centro da sua saída do Governo, terá sido um bom artigo - admitem-no (alguns) especialistas. Mas do ponto de vista do leigo cidadão, tenho as minhas dúvidas. Porque do artigo de um reputado professor universitário de Finanças, ainda para mais ministro do Governo, seria de esperar que, no mínimo, contivesse alguma novidade, sobre a qual fosse útil ou mesmo necessário pôr o país a reflectir.

Ora todo o texto dispara numa única direcção que é a de combater a "ideia de que o investimento público é sempre bom", através do recurso a verdadeiros lugares comuns tais como "uma boa decisão de investimento impõe a necessidade de uma análise prévia de rendibilidade" ou "a qualidade da despesas públicas passa pela criteriosa e apertada selecção dos investimentos" ou ainda que "a boa qualidade do investimento público é fundamental para que este seja parte da solução e não parte do problema".

Mas se uma autoridade na matéria, como é o Professor Campos e Cunha, se limitou a este tipo de afirmações triviais, é porque não teve a intenção de fazer do seu texto um verdadeiro artigo, muito menos uma lição. Quis apenas mandar um recado, foi o que foi. E não há dúvida de que o recado foi (mal) recebido.

21 julho 2005

O pior ainda está por vir

Se, como parece, Campos e Cunha caíu em desgraça por ter defendido que o investimento público só é muito importante "quando contribui para o crescimento económico sem pôr em causa a redução da dívida pública".

Excerto de um livro não anunciado (248)

Até aqui, no entanto, temos vindo a encarar a possibilidade da retórica degenerar em manipulação, unicamente segundo a óptica do agente manipulador, ou seja, daquele que joga com as palavras para intentar uma adesão acrítica às suas propostas. Mas a verdade é que numa situação de manipulação para além do manipulador existe sempre o manipulado. Poderemos isentar este último da sua quota de responsabilidade na manipulação de que é alvo? Não haverá sempre a possibilidade de se descobrir e desmontar a manipulação em causa? Ou será que o encanto de um certo modo de dizer as coisas, de oferecer as respostas como únicas e aparentemente irrebatíveis, é algo de tão subtil ou sedutor que justifica o anestesiamento e aceitação passiva por parte de um auditório?

Tentar responder a estas questões significa antes de mais deslocar a raiz problemática do ethos, vontade de seduzir ou manipular, para o pathos, ou seja, para a aceitação mais ou menos consciente da respectiva manipulação. A pertinência deste deslocar do problema, do orador para o auditório, está bem presente em Meyer, quando, depois de lembrar uma vez mais que a diferença entre a retórica negra e a retórica branca reside numa diferença de atitude, nos vem dizer que a verdadeira questão é a de saber porque é que os homens se deixam manipular, às vezes de forma perfeitamente deliberada e consentida:

(...) A mulher sabe que tal homem procura seduzi-la e que o que ele diz remete para um desejo que seria brutal e inaceitável exprimir francamente. O espectador sabe igualmente que este ou aquele produto não tem forçosamente as qualidades celebradas na publicidade e que é apenas a vontade de vender que se exprime (...). Tratando-se de discurso figurado, não deveria existir um espaço de liberdade na interpretação e aceitação, espaço que se cria e permite aos receptores pronunciar-se sobre o que é proposto sem ter de dizer brutalmente que não? Não existirá na sedução, qualquer que ela seja, uma etapa suplementar que, retardando a resposta final, retarda a recusa eventual, e portanto a rejeição de outrem enquanto tal? Não existe como que uma espécie de delicadeza de alma na figuratividade, um respeito que permite evitar sem combater, recusar sem negar? Tudo leva a crer que a manipulação consentida assenta numa dupla linguagem que não engana, e mesmo de que se tem necessidade para diferir a decisão própria sem ter de enfrentar directamente o outro. Um grau mais de liberdade, se se quiser, na qual só os ingénuos verão uma traição à verdade una e indivisível, de que os receptores da mensagem seriam vítimas involuntárias (*).


(*) Meyer, M., "As bases da retórica", in Carrilho, M. (org.), Retórica e Comunicação, Porto: Edições ASA, 1994, p. 69


20 julho 2005

Isto faz-se?

A competência de Mário Pinto para tratar dos aspectos constitucionais do direito ao ensino e da liberdade de ensino (cfr. artigo hoje no Público) é igual à minha para discutir teologia católica, ou seja, nenhuma.

Vital Moreira, no Causa Nossa, 2005.07.18 - post "Competência"


Vital Moreira não precisava de nos recordar a sua competência em matéria dos "aspectos constitucionais do direito ao ensino e da liberdade de ensino" nem tão pouco a sua impreparação para discutir teologia católica. A primeira é publicamente reconhecida. A segunda, facilmente se presume. Mas aceita-se que o tenha feito, ao menos, como exercício de estilo.

O que não parece aceitável é que tenha desferido um despropositado "ataque à pessoa" do autor, negando-lhe competência para escrever o que escreveu, sem contudo se referir a uma palavra, a uma frase ou a uma única ideia do artigo que só indirectamente critica.

Porque ainda que Vital Moreira tivesse razão ao denunciar a incompetência específica de Mário Pinto para emitir uma opinião sobre os respectivos assuntos (tenho pena de não ter lido o artigo) deveria ter presente que a competência não gera imunidade ao erro. Aumenta a probabilidade de acerto mas, por si só, não o garante. E depois, a discordância seja lá com quem for e sobre o que quer que seja dito (ou escrito), exprime-se pelo confronto de argumentos e razões que se oferecem como melhores propostas de compreensão ou como respostas mais adequadas à questão em aberto. E não através de um mero ataque à pessoa (ad hominem).

Ao optar pela desqualificação do autor em vez de refutar as suas ideias, Vital Moreira fugiu ao assunto e, como se não bastasse, invocou, ainda que subtilmente, a sua autoridade. Nenhuma justificação, nenhum argumento. Pelo que, em termos crítico-argumentativos, foi, com o devido respeito, um erro de palmatória.

19 julho 2005

Notícias da Telepac

Nenhumas. E a facturinha mensal continuando a ser cobrada, na hora. Ao fim de 1 mês de reclamações decidiram-se a mandar cá a casa, um técnico da PT. Que nada resolveu. "Só pode ser do modem" - disse. "Mas o modem é novo em folha, acabou de chegar da própria Telepac para substituir o anterior, da mesma marca e modelo" - atalhei. O técnico fica intrigado. Eu fico intrigado. Só a Telepac é que não fica intrigada. E descubro que afinal, não é verdade aquela treta de que "o tempo tudo cura" pois foi com o passar do tempo que passei de consumidor a consumido. Mas que consumição...

18 julho 2005

A estratégia anti-terrorista

A mim não me choca chamar guerra a um conflito que tem as caracaterísticas de ser global (…) que tem objectivos "não negociáveis" por incompatibilidade de visões do mundo culturais e civilizacionais. Acima de tudo não compreendo por que razão um terrorismo apocalíptico, que tenta por todos os meios ter as armas mais pesadas, nucleares, químicas e bacteriológicas, para garantir o seu Armagedão sacrificial, que tem como objectivo a guerra total,ou seja, a aniquilação de milhões dos seus adversários, haja os meios para isso, não tem de ser combatido com tudo o que tenho à mão: tropas, polícias, agentes de informações, à dentada diria um velho inglês da Home Guard, daqueles que esperava a invasão da sua ilha e achava que sempre podia levar um "boche" consigo"

Pacheco Pereira, Público, 14 Julho 2005

1.
Como se pode ver acima, em matéria de combate ao terrorismo, Pacheco Pereira não faz concessões. É guerra, é guerra. O que é preciso é liquidar o inimigo. Tudo se resume a um muito primário "nós e eles" . Já não interessam as causas, muito menos as razões "deles". Apenas as nossas que, de tão evidentemente nossas se confundem com o nosso próprio pensar e sentir. E é em nome delas (e da sua aparente universalidade) que devemos lutar contra todas as ameaças e contra o terrorismo, em particular. No fundo, é o confronto entre a “nossa” racionalidade e a irracionalidade “deles”. Às armas, portanto, que o nosso comentador não hesita em traçar o caminho: “o combate frontal e directo”.

2.
Ninguém contesta a legitimidade de uma resposta militar ao terrorismo apocalíptico em curso. Mas afirmar que este terrorismo tem que “ser combatido com tudo o que tenho à mão” (faz até lembrar o espírito da intifada), ou que esse combate deve ser frontal e directo como manda a tradição ou ainda que em tempo de guerra corre-se para a frente (porque vem na Ilíada) é, no mínimo, uma ingenuidade estratégica. Primeiro, porque não é possível qualquer combate frontal e directo quando a rede de agressores permanece rigorosamente invisível. Depois, porque correr para a frente pode ter sido uma boa solução no arcaísmo temporal da Ilíada, mas nos tempos que correm, é tudo o que não deve ser feito quando se trata de fazer frente a uma organização tão sofisticada e meticulosamente treinada como a que está por trás dos atentados bombistas. Pelo contrário, urge primeiramente desenvolver (na sombra) um paciente e laborioso trabalho de investigação e só depois partir para a acção concreta (como estão a fazer os ingleses). Finalmente, a expressão “combatido com tudo o que tenho à mão” pode traduzir um muito compreensível estado de alma, mas quando levada à letra ou não tem qualquer significado ou chega a ser caricata. O exemplo da dentada, então, não deixa qualquer dúvida (só faltou sugerir o recurso à fisga…)

3.
Aliás, o actual combate ao terrorismo não se compadece com uma visão quixotesca do que é a guerra nem com as injecções de ânimo para um “combate duro, directo, na primeira linha, frontal com o inimigo” que Pacheco Pereira aprova e recomenda só porque um dia essa foi a forma de lutar do Ocidente. Antes de apelar à coragem e bravura dos militares e dos próprios cidadãos é preciso fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para obter uma compreensão mínima do que se está a passar mesmo à frente do nosso nariz sem que disso tenhamos a menor percepção. Como solucionar um problema sem previamente compreender o que está realmente em causa? Que a guerra é praticamente inevitável quando se trata de responder ao terrorismo, é ponto assente. Porque sendo a “linguagem” escolhida por quem nos ataca, não responder nessa mesma “linguagem” poderia significar a rendição perante o agressor, ou seja, um mal ainda maior. E rendição é a ultima coisa de que se fala na pátria de Churchill, como bem fez notar CAA, do Blasfémias, ao citar estas declarações de Tony Blair proferidas logo a seguir às dramáticas explosões de Londres:

It's important however that those engaged in terrorism realise that our determination to defend our values and our way of life is greater than their determination to cause death and destruction to innocent people in a desire to impose extremism on the world.

4.
Declarações que se compreendem perfeitamente. A pior maneira de reagir contra o terrorismo seria sucumbir ao medo, cair na resignação. A reacção de Blair foi, pois, uma reacção ajustada às terríveis circunstâncias. Mas há que reconhecer que não passou disso: de uma declaração solene que, aliás, a ninguém terá surpreendido, muito menos, aos responsáveis por mais este ataque terrorista. Não nos iludamos. E se não passou de uma declaração solene, integra-se naquele conjunto de medidas ou acções que, no dizer de João Miranda “amplificam os efeitos do atentado, geram a histeria e puxam ao sentimento mas (…) não resolvem nada”. Põe-se até o problema de saber se tais declarações e a grande visibilidade mediática que suscitam, não serão, afinal, o mais cobiçado troféu para quem se move por uma lógica de puro terror. Ou alguém acredita que os responsáveis pelos respectivos ataques se deixam desmoralizar por este tipo de declarações e ameaças verbais?

5.
Falar, por isso, de estratégia anti-terrorista faz todo o sentido face à escalada global dos ataques em curso, à invisibilidade dos seus autores e ao insucesso acumulado na descoberta e na punição dos culpados. Urge recorrer às mais avançadas técnicas de investigação criminal e travar um duro combate, uma verdadeira guerra contra o terrorismo. Mas sempre sem perder de vista que as armas e as bombas são a linguagem da violência e não a das ideias. São a linguagem do mais forte e não a do mais inteligente. Pelo que, se nos reclamamos do lado da racionalidade (e da moral), não podemos fechar a porta à comunicação ou ao diálogo seja com que for. Precisamos de saber quem nos ataca e porque somos atacados. Ou ficaremos para sempre reféns da própria irracionalidade que tanto criticamos.

6.
É verdade que esta abertura ao diálogo parece ser visceralmente repudiada por uma certa “maioria blogosférica”. Vê-se isso pelo coro de reacções extremamente negativas ao que Mário Soares terá declarado quanto ao terrorismo. Não assisti a tais declarações. Mas custa-me a crer que um homem da envergadura de Mário Soares alguma vez tenha tido a intenção de desculpabilizar o terrorismo, como li algures ou de o justificar, como acusa Pacheco Pereira. O que sei é que da sua eventual afirmação “é a pobreza que está por trás disto» que aqui se cita de cor, não se pode inferir que Mário Soares está a desculpabilizar (só faltou dizer que estava a concordar com) “a morte brutal de civis”. Assim como não se percebe porque ficou tão atónito o citado jornalista da TSF, ao ouvir Mário Soares dizer que «era preciso tentar compreender o que está por trás do terrorismo». Mas será que agora não é preciso compreender o mal?

7.
Também PMF condena vivamente a “estratégia anti-terrorista” de Mário Soares, ou seja, a que passa pelo diálogo “para perceber os objectivos da rede liderada por Osama bin Laden e combater o terrorismo" dado que "perceber o outro é fundamental". E a título probatório chega a sugerir que Mário Soares deveria ler esta entrevista reproduzida por Nuno Guerreiro, “de preferência, 100 vezes, repetida e concentradamente, até decorar palavra por palavra, tal como fazem os fundamentalistas das Madrassas que ensinam o Corão às crianças muçulmanas!”

8.
Ora é justamente nesta entrevista dada por Omar Bakri Mohammed, que encontramos o cerne do problema, em especial quando afirma “Nós não fazemos a distinção entre civis e não civis, inocentes e não inocentes. Apenas entre muçulmanos e descrentes. E a vida de um descrente não tem qualquer valor. Não tem santidade”. Do meu ponto de vista, é precisamente a partir daqui que o fenómeno do terrorismo de massas tem que ser encarado e combatido. A propósito, Joaquim Vieira escreve na Grande Reportagem desta semana que as fontes do terrorismo actual, “ao contrário do que muito se diz, nada têm a ver com a pobreza e pouco com a religião, mas sobretudo com a política”. Será que ainda é possível manter este peso relativo atribuído por Vieira a cada uma das fontes, depois de se ler na referida entrevista que para a Al-Qaeda “A vida de um descrente não tem qualquer valor” e que, segundo o Islão, “os muçulmanos que morrerem num ataque serão aceites imediatamente no paraíso como mártires”?

9.
Não. A principal fonte deste terrorismo não é a pobreza nem a política mas sim a religião, ou para ser mais exacto, uma muito particular forma de encarar a religião. Não é a pobreza, assim como não é a ignorância. Porque como ainda ontem lembrava Pulido Valente na sua crónica do Público, “o extremismo presume uma ideia, uma convicção e um senso de virtude que não se adquirem na iliteracia e na miséria”. Nem o sentimento de espanto e revolta que este terrorismo espalha à sua volta tem algo a ver com uma eventual motivação política. O que verdadeiramente choca no terror patrocinado pela Al-Qaeda não é tanto que ele ocorra mas a maneira como ocorre: é a globalização da acção, a escala desmesurada dos efeitos, a invisível omnipresença dos seus agentes. Tudo isto, como vimos, fazendo parte de uma ideia de total desvalor ou desprezo pela vida humana que é radicalmente incompatível com a nossa. E se, em nome dos nossos valores e princípios, temos toda a legitimidade para a combater, não é menos verdade que o recurso às armas pode ser a forma mais eficaz de conquistar ou preservar interesses, minorar danos, impor vontades, mas muito dificilmente derrubará a fé numa simples ideia.

10.
Por isso subscrevo inteiramente o que diz
João Morgado Fernandes no seu post OUTRO ASSUNTO, de 9 de Julho, quando justifica desta maneira o seu apoio às tão criticadas declarações de Mário Soares: “à irracionalidade do outro campo só podemos responder com mais inteligência” e “só um tonto se lança numa guerra contra algo ou alguém sem, antes, tentar perceber o que leva o outro a estar em guerra”. De facto, era só o que faltava que uma possível saída para o impasse fosse uma má saída só por ter sido indicada por Mário Soares...

17 julho 2005

Excerto de um livro não anunciado (247)

Poderíamos também ceder à tentação de classificar uma argumentação em função da causa por ela defendida. Nesse caso, a argumentação honesta seria a que sustentasse uma “boa” causa, o que imediatamente pressupõe que o valor da causa possa ser conhecido antes mesmo da argumentação que visa precisamente estabelecer tal valor. Como diz Reboul, isso seria o mesmo que “julgar antes do processo, eleger antes da campanha eleitoral, saber antes de aprender. Não existe dogmatismo pior” (*)

É por isso que este mesmo autor, considerando que a característica da boa argumentação não é suprimir o aspecto retórico - pois em nenhum caso uma argumentação inexpressiva se torna, só por isso, obrigatoriamente mais honesta - adianta dois critérios gerais a que se deve submeter a boa retórica:

1) Critério da transparência: - que o ouvinte fique consciente, ao máximo, dos meios pelos quais a crença está a ser modificada.

2) Critério de reciprocidade: - que a relação entre o orador e o auditório não seja assimétrica, para que fique assegurado o direito de resposta.

Respeitados tais critérios, Reboul considera que a argumentação não se torna por isso menos retórica, e sim mais honesta. Mas sem pôr em causa a eficácia destes dois critérios, parece evidente que o facto deles conterem os conceitos indeterminados que o ouvinte fique consciente ao máximo e não seja assimétrica sempre introduz uma significativa ambiguidade no momento da sua concretização. Por outro lado, pode acontecer também que a incompetência argumentativa do auditório, crie a ilusão de uma relação retórica desigual e leve a que se veja manipulação no orador quando, na realidade, essa desigualdade se fica a dever à insuficiente capacidade crítica revelada por aqueles a quem se dirige.

(*) Reboul, A., (1998), Introdução à retórica, S. Paulo: Martins Fontes, p. 99

Liberdade ou caos?

A segurança não deve ser uma obsessão, sob pena de a nossa Liberdade individual ser cerceada. Mas num Estado Democrático, dispensar a segurança numa pretensa defesa da Liberdade é o maior atentado que se pode fazer contra a própria Liberdade. Uma sociedade tem regras. As sociedades que não têm, não são livres, são um caos, e no caos prevalece a perfídia. - diz (e muito bem) o CMC, do Tugir em português.

12 julho 2005

Blasfémias liberais

Esta noite abriu ao público o Café Blasfémias, para funcionar como tertúlia da chamada direita liberal. A localização não podia ser melhor: Café Guarany, Av. dos Aliados, Porto. Quanto à jornada propriamente dita, foi um sucesso partilhado por dezenas e dezenas de "clientes".

Diz quem lá esteve, que:

1) a sessão decorreu com vivacidade e animação, mas mantendo sempre um civilizado registo de moderação verbal.

2) Rui Albuquerque tão depressa vestiu o fato de apresentador como logo se revelou um autêntico "operacional", ao passar a noite a fazer chegar o microfone a cada um dos "clientes" que iam fazendo sinal de querer usar da palavra.

3) Carlos A. Amorim defendeu que a direita portuguesa não é liberal e que tem uma queda para ser centralista e autoritária sob roupagens mais ou menos beatas.

4) à pergunta de um "cliente" sobre o que é a direita, Rui Albuquerque respondeu que, no caso português, a direita são os partidos PSD e CDS.

5) Luis Rocha considerou que, numa óptica liberal, o Estado deveria confinar-se a funções essenciais tais como as da Segurança, Defesa e Justiça, ficando tudo o mais entregue aos indivíduos.

6) António Madureira, quadro do PSD em Matosinhos, afirmou ignorar o que seja a esquerda ou a direita, preferindo dividir os cidadãos em conservadores e progressistas, acrescentando ainda que não há liberalismo em Portugal porque "as pessoas" são incultas e incompetentes.

7) Gabriel Silva chamou a atenção para a dificuldade extrema que enfrenta qualquer político que chegue ao Governo (ainda que seja um liberal) para aceitar a redução dos seus poderes.

8) Carlos A. Amorim afirmou que a direita portuguesa não é liberal porque é conservadora - resistindo permanentemente à mudança - mas que também já concluiu que bater-se pelo liberalismo no interior de um partido tem muitas possibilidades de acabar em martírio.

9) Paulo Morais, Vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, fez notar que se um dia houver liberalismo em Portugal, de direita ou de esquerda, terá que surgir a partir do Porto pois de uma capital imperial como a nossa é que não será.

10) Rocha Antunes mostrou-se optimista quanto ao futuro do liberalismo em Portugal porque já não é possível ao Estado intervir mais.

11) João Miranda explicou, passo a passo, a génese histórica da actual falta de legitimidade do Estado para intervir em mais de 50% das nossas vidas.

Parece que para Setembro, há mais. Ainda bem. Parabéns ao Blasfémias por esta sua tão interessante como bem sucedida iniciativa politico-cultural.

10 julho 2005

Excerto de um livro não anunciado (246)

Reconheçamos antes de mais que, como sustenta Olivier Reboul, “se um argumentação é mais ou menos desonesta, não é porque seja mais ou menos retórica. Caso contrário Platão, cujos textos são infinitamente mais retóricos, pelo conteúdo oratório, que os de Aristóteles, seria menos honesto que este!”(*). O facto da retórica se situar no mundo do razoável, do preferível, não significa qualquer desprezo pela verdade, pelo contrário, por ela se orienta e para ela caminha, no seio de uma discutibilidade onde “são elaboradas, precisadas e purificadas as verdades, que constituem apenas as nossas opiniões mais seguras e provadas” (**). A eventual desonestidade da retórica terá, pois, de ser imputada apenas aos seus agentes. Defender o contrário, seria o equivalente a pretender que todo o objecto cortante é um instrumento de agressão. Uma falácia, portanto.

(*) Reboul, A ., (1998), Introdução à retórica, S. Paulo: Martins Fontes, p. 99
(**) Perelman, C., (1997), Retóricas, S. Paulo: Martins Fontes, p. 367

08 julho 2005

Candidatos de braços cruzados

Com as "autárquicas" à porta, aí estão afixados pelas ruas os habituais cartazes (outdoors) com as figuras dos candidatos que, literalmente, resoveram "dar a cara" pela causa pública. Para a fotografia, escolhem certamente o seu lado melhor, o sorriso da praxe e a pose mais favorável. É natural. Um rosto, regra geral, é mais identificativo do que o mero nome, mesmo se "quem vê caras não vê corações". A única coisa que aqui me surpreende é que tantos e tantos candidatos continuem a aparecer de "braços cruzados". Será que imaginam que esta é a pose mais adequada para persuadir os eleitores do seu dinamismo pessoal? Ah... volta Freud, que estás perdoado.

06 julho 2005

Fuga de Parabéns

É imperdoável mas só há muito pouco tempo descobri o A Arte da Fuga e os qualificados posts dos seus autores. Ainda vou a tempo de saudar pelo 1.º aniversário blogosférico? Parabéns.

Belo pretexto

O 2.º aniversário do Bloguitica é um belo pretexto para saudar a qualidade da informação e do comentário político com que Paulo Gorjão nos brinda, dia após dia. Parabéns, Paulo.

Excerto de um livro não anunciado (245)

Do que fica dito pode depreender-se que resulta muito difícil, se não mesmo impossível, distinguir entre a boa e a má argumentação, com base num único critério, ou segundo regras fixas e pré-definidas. Desde logo porque uma tal distinção implica uma prévia escolha do plano em que a mesma deverá ter lugar. O que será uma boa argumentação? A mais eficaz ou a mais honesta? O desejável seria certamente que as duas coincidissem, mas como se sabe, nem sempre tal acontece, quer por incompetência argumentativa, quer por manipulação voluntária ou exigências próprias de certas situações-limite (*). Sobre a argumentação eficaz já vimos que ela se define pela adesão que obtém do auditório a que se dirige. Mas como caracterizar uma argumentação honesta?

(*) Em que se opta pela omissão ou pela mentira piedosa para evitar o choque de verdades brutais e desumanas.

05 julho 2005

Soltam-se as notas

Excelente o programa de hoje do Clube dos Jornalistas, na 2:, com o tema da entrevista em grande plano. Estrela Serrano a interpelar os jornalistas presentes sempre no ritmo certo e com a maior vivacidade. Conhecidos entrevistadores na figura de entrevistados: Orlando Raimundo, Paula Moura Pinheiro e Judite de Sousa. Debate ilustrado com pedaços de entrevistas que pertencem já à história da televisão. Comparação dos diferentes estilos de entrevistadores: Joaquim Letria, Margarida Marante, Ana Sousa Dias. Divergências quanto às regras que devem orientar uma entrevista. Tempo ainda para o mais cáustico dos jornalistas presentes, Orlando Raimundo, sustentar que um jornalista não deveria sujeitar-se ao papel que vem sendo desempenhado por Ana Sousa Dias nas "As escolhas de Marcelo" e por Judite de Sousa nas "Notas Soltas" de António Vitorino. Judite ainda tentou uma esfarrapada justificação alegando que não se tratava de jornalismo mas sim de opinião, de uma conversa, de um programa com aquela concepção e tal e tal... mas depressa terá percebido que não ia a lado nenhum com esse tipo de eufemismos. A verdade está à vista de todos. Judite (tal como Ana) terá sucumbido à tentação do lucrativo jornalismo do "faz de conta". Não é por acaso que o programa se chama "Notas Soltas"...

04 julho 2005

Contra os excessos democráticos

Em maré de "rectificações" Paulo Cunha do O Misantropo Enjaulado discorre oportunamente sobre uma das mais antigas regras de ponderação democrática:

(...) em vários tempos e lugares do mundo Helénico, a decisão pelo sufrágio era moderada pelo Voto de Minerva. Consistia num reconhecimento de que a qualidade, nos casos complicados, oferece mais garantias do que a mera quantidade. Escolhia-se um, ou um número muito reduzido de homens sensatos e proeminentes, destacando para cada situação um deles. Então formulava-se a regra: «O assunto tal será decidido pelo voto. Mas se o resultado for muito aproximado, far-se-á conforme o parecer de Fulano - o antes nomeado (mesmo que fosse coincidente com a opinião da minoria). Isto era uma correcção da exageração democrática. Mas claro que o sistema actual não precisa de uma correcção, está é a pedir um correctivo.

Ponto final.

03 julho 2005

Excerto de um livro não anunciado (244)

Perelman tem, porém, o cuidado de nos chamar a atenção para o facto desta distinção se situar sempre a um nível de pura idealidade (*), já que, na prática, frequentemente estes três tipos de intenção surgem misturados, embora com intensidades variáveis. Com efeito, nos debates reais, é certo que os interlocutores procuram fazer triunfar as suas teses mas, na maioria das vezes, estarão convencidos de que, não só não são incompatíveis como se apresentam dotadas da pretendida razoabilidade. De qualquer modo, pese embora as naturais dificuldades da sua aplicação, os três tipos de diálogo acima referidos configuram uma importante grelha de análise e compreensão do acto retórico que só pode favorecer a detecção de eventuais usos abusivos da argumentação.

(*) Perelman, C., (1997), Retóricas, S. Paulo: Martins Fontes, p. 51

01 julho 2005

Pancadas de convicção

Numa disputa verbal, ao contrário do que acontece numa disputa física, é possível à pessoa vencida repetir com tanta convicção que ela humilhou e massacrou o adversário que o vencedor chegue a sentir a dor das pancadas que não levou.

in Alexandre Soares Silva

Se perguntar não ofende

Isto ainda é jornalismo?

Nunca é tarde

Para saudar os dois anos de um blogue como o Terras do Nunca, que acompanho com a maior atenção desde que o vi nascer... Parabéns João.

Contra o enfartamento

E saia mais um alka-seltzer para a mesa deste senhor. Se mesmo aos bocados o "Coelho" é indigesto, imagine-se em dose de cavalo...