31 outubro 2006

Aristóteles, o virtual e os blogues

Pedi uma entrevista a Aristóteles e agora é isto: está-me a falar de coisas tão actuais que nem consigo pensar em mais nada. É bem verdade que há muito virtual para além da web e dos blogues.

28 outubro 2006

Excerto de um livro não anunciado (345)

A variável sexo foi igualmente estudada, apontando os primeiros trabalhos para uma maior susceptibilidade das mulheres à persuasão. Uma das justificações era a de que, tendo as mulheres maior aptidão verbal do que os homens, seriam também capazes de compreender melhor os argumentos da mensagem e, consequentemente, ficariam mais receptivas à modificação das atitudes. Eagly (1974), porém, veio pôr tudo isto em causa já que dos estudos que visavam descobrir as diferenças de compreensão entre homens e mulheres não resultaram quaisquer provas que apoiassem uma tal posição. Na prática, porém, as diferenças entre homens e mulheres, ao nível da persuadibilidade existem, sem dúvida. A questão é a de determinar a que se ficam a dever. Ora, para Petty e Cacioppo (*), as duas explicações (sobre tais diferenças) que se mostram actualmente mais credíveis, são as seguintes:

Primeiro, as diferenças em função do sexo podem ser devidas aos papéis sociais para que as mulheres e os homens são educados: as mulheres socializadas para a cooperação e manutenção da harmonia social, o que as tornaria mais acessíveis ao acordo, enquanto os homens, socializados para serem assertivos e independentes, tenderão, naturalmente, a oferecer mais resistência à influência.


Segundo, as diferenças relativas ao sexo podem ocorrer porque a mensagem persuasiva em muitos estudos de influência versa sobre temas em que os homens estão muito mais interessados e mais conhecedores do que as mulheres (tópicos masculinos versus tópicos femininos). E, neste caso, as diferenças de persuadibilidade em função do sexo, podem muito bem ser uma consequência de ser mais fácil persuadir alguém que não tem muito interesse ou conhecimento sobre o assunto que está em discussão.

(*) Richard E. Petty e John T. Cacioppo, (1996), Attitudes and Persuasion: Classic and Contemporary Approaches, Oxford: Westview Press, p. 83


26 outubro 2006

A grande cacha


Está na p. 24 da edição de hoje do Jornal de Notícias, a propósito do programa nuclear do Irão:

"CAPACIDADE DE ENRIQUECIMENTO HUMANO DUPLICA, MAS AINDA NÃO CHEGA PARA FABRICAR BOMBAS"


25 outubro 2006

Excerto de um livro não anunciado (344)

Ao nível da inteligência McGuire (1968) propôs um modelo de personalidade e persuadibilidade que veio clarificar muitas das pesquisas anteriormente realizadas. Segundo ele, a modificação da atitude é determinada em duas fases: numa primeira, pela recepção dos argumentos da mensagem, incluindo o processo de atenção, compreensão e retenção; numa segunda, pela anuência à própria modificação. Sucede que muitas vezes ocorrem efeitos opostos nessas duas fases. Por exemplo, os membros mais inteligentes de uma audiência podem compreender e recordar uma comunicação melhor do que os restantes membros, menos inteligentes. Logo, poder-se-ia supor que a modificação de atitude seria tanto maior quanto mais inteligentes fossem as pessoas que constituissem a audiência. Só que a inteligência pode igualmente tornar os receptores menos predispostos à influência por serem mais confiantes nas suas próprias capacidades e, consequentemente, mais refractários a abandonarem a sua atitude inicial, o que atenua a modificação da atitude. Logo, mau grado a clarificação que o modelo de McGuire veio conferir à comprensão do papel da inteligência no processo persuasivo, o entendimento das relações entre os traços de personalidade e a persuadibilidade permanecia num certo impasse. Contudo, retomando o estudo dos efeitos relativos a cada uma das duas fases acima referidas, Eagly e Warren (1976), viriam a constatar que a inteligência surge associada à melhor compreensão e a uma (ligeira) maior anuência para com a mensagem complexa e, em contrapartida, a igual compreensão e menor modificação de atitude na mensagem simples. Conclui-se assim que o nível de complexidade da mensagem é determinante para se definir o papel que o factor inteligência pode desempenhar no processo de modificação de atitudes.


24 outubro 2006

Do interesse da prova à prova de interesse

Jornal de Notícias de 19 de Out 2006:

Quando a entrevistadora o confronta com a suspeita que paira sobre as pressões políticas e a auto-censura na informação da RTP, Luis Marinho "lembra-se" de dizer que "isso tem de ser provado". Já quando afirma que é na redação da RTP que se faz jornalismo mais livre e menos dependente de interesses, "esquece-se" da prova. O que fica provado, afinal?

22 outubro 2006

Lógica e o universo da argumentação

Foi o título da conferência que o filósofo Desidério Murcho fez na passada quinta feira, na Covilhã, a convite do Instituto de Filosofia Prática, da Universidade da Beira Interior.

Sublinhe-se a oportunidade e o interesse desta iniciativa do IFP, tanto mais que, como reconheceu um professor da UBI, "a tradicional formação humanística dos filósofos continentais deixa-os desmunidos para acompanhar os avanços contemporâneos de uma lógica que se tem desenvolvido bem mais perto de um certo espírito científico ou de uma tradição filosófica que até há bem pouco tempo era estranha deste lado do canal da Mancha". De parabéns estão, portanto, os Professores José António Domingues e André Barata e demais colaboradores.

A conferência propriamente dita, não poderia ter corrido melhor. Numa linguagem clara mas sempre muito rigorosa, Desidério Murcho foi expondo e esclarecendo, um a um, os principais aspectos lógicos da argumentação, com especial incidência no capítulo da avaliação dos argumentos. Recorrendo a inúmeros exemplos, analisou os principais tipos de argumentos bem como as centrais noções de solidez e de validade, esta última quer na perspectiva da lógica formal quer do ponto de vista da lógica informal (aqui, como se sabe, ainda bastante disputada). Por último enunciou as três condições a que um bom argumento (ou argumento cogente) deve obedecer: 1- Validade; 2-Premissas verdadeiras; 3-Premissas mais plausíveis que a conclusão.


E seria precisamente a noção de plausibilidade que mais viria a animar o vivo debate que se seguiu. Tudo porque a admissão de que tal plausibilidade depende dos agentes (auditório) deixa no ar a hipótese de a avaliação dos argumentos se subordinar sempre a um critério extra-lógico. Hipótese que serve aqui, sobretudo, para mostrar a atitude de grande abertura e espírito crítico que Desidério Murcho manteve no decorrer da sua conferência. Falou de soluções, esclareceu dúvidas, corrigiu erros mas sempre sem ignorar os problemas e as questões em aberto. A meu lado, já no final, um aluno de filosofia fazia a grande síntese: "até que enfim que tenho alguém que me explica a lógica de uma maneira que eu perceba".

21 outubro 2006

A improbabilidade da comunicação

É como diz Niklas Luhmann: não é nada fácil comunicar. Atente-se na bem humorada mas desconexa intercomunicação destes dois "nicks" nos comentários do Blasfémias:

"O problema é: para atribuir um subsídio, como é que se distinguem os génios incompreendidos do lixo?"

Não é uma dicotomia, João Miranda. Considero muito bons alguns grupos de teatro e bastantes artistas em geral, mesmo sem serem geniais. O critério, como diz a Zazzie, tem de ser o mercado, "incluindo a seleção natural da qualidade." (...)
tacci
*

"O critério, como diz a Zazzie, tem de ser o mercado, "incluindo a seleção natural da qualidade."

eu não disse isto, eu estava a gozar com isto
ehehehe
zazie

19 outubro 2006

Um bom sinal

Ainda a propósito da rejeição do nome de Mário Gomes Dias para vice-Procurador da República, diz Manuel Azinhal:

parecia-me desde o princípio que o PGR Pinto Monteiro enfrentava um sério problema: entrava sozinho numa casa que não é a sua, sem conhecer o sítio e encarado pelos habitantes deste como um intruso que foi para ali mandado com a missão específica de os meter numa ordem definida de fora.

Perfeitamente de acordo. Mas é de supor que o novo Procurador Geral ignorasse tal problema quando indicou Mário Gomes Dias? Não o sendo, como se pode chegar à conclusão de que "a proposta de Pinto Monteiro foi desastrada"? Se o problema existia e era do conhecimento do Procurador Geral, não será mais plausível que tenha optado por enfrentá-lo, denunciando-o publicamente e desde já? Ao forçar a apresentação de um nome da sua inteira confiança, cuja possibilidade de rejeição "em Conselho" teria que ter representado, o Procurador Geral deu antes um inequívoco sinal ao Conselho Superior do Ministério Público (mas também ao país) de que será difícil de vergar. O que, atentas as suas altas funções, parece ser um bom sinal.

17 outubro 2006

A independência do Procurador Geral

Acabei de ouvir na rádio, e também já se pode ler aqui, que o novo Procurador da Republica teve a sua primeira derrota, ao ver "chumbado" pelo Conselho Superior do M. P. o nome que indicara para vice-Procurador Geral da República.

Não será o mais indicado classificar o incidente em termos de vitória ou derrota. Mas a fazê-lo, antes vejo nesta recusa uma primeira grande vitória para o actual Procurador: a vitória da convicção e da independência. Ou alguém ainda imagina que o resultado da eleição o terá surpreendido?

16 outubro 2006

Abuso digitalizado

13 outubro 2006

Excerto de um livro não anunciado (343)

Impõe-se, finalmente, um olhar sobre a persuasão, também do ponto de vista de quem recebe a mensagem. Entendemos, aliás, que praticamente tudo o que atrás ficou dito a propósito da fonte e da mensagem aplica-se igualmente à recepção, seu natural escopo, pois tanto as características persuasivas da fonte como as da mensagem só produzem efeitos graças à persuadibilidade dos respectivos destinatários. É habitual distinguir-se as múltiplas investigações realizadas neste campo em função das diferentes estratégias em que se inscrevem. Segundo a estratégia da personalidade, por exemplo, a probabilidade de ficar mais exposto à influência de uma comunicação persuasiva está directamente relacionada com determinados traços de personalidade. O que imediatamente nos remete para o estudo de variáveis tais como inteligência, sexo e, sobretudo, auto-estima.


11 outubro 2006

A traição das palavras

Na sua crónica de ontem, no Público, Eduardo Prado Coelho disserta sobre as duas modalidades da culpa. A subjectiva - o que sabemos que fizemos e que gostaríamos de não ter feito; e a objectiva - a culpa de que os outros falam e se tornou uma realidade social. Digamos que esta arrumação definicional tem o seu quê de controverso mas também não é isso que está em questão pois rapidamente se percebe que do que o professor quer falar é da longa ausência da rádio de Sena Santos, outrora responsável pelas muito informativas manhãs da Antena 1. E quer, antes de tudo, defender o seu rápido regresso aos microfones.

É natural, por isso, que termine a sua crónica com uma série de elogios ao conhecido homem da rádio:

"Ninguém era capaz de falar com tanta facilidade e desenvoltura de cinema ou ópera, de futebol ou política, de questões locais ou dos grandes problemas internacionais. E não conheço ninguém capaz de suscitar ao microfone aquela espécie de ritmo contagiante que era a grande marca radiofónica de Sena Santos. Espero ouvi-lo muito em breve - porque o jornalismo radiofónico precisa de gente assim"

Mas já não parece nada natural que, imediatamente antes, tenha associado o jornalista a uma grande trapalhada que, adianta, não será ele quem vai deslindar e que diga saber apenas que Sena Santos tinha cometido actos de inegável gravidade, inclusive, recorrendo a verdadeira extorsão de dinheiro. Confesso que não percebi a intenção. Acredito que para todos os que têm o privilégio de privar de perto com Prado Coelho, a sua crónica tenha tido apenas um grande objectivo: o de apelar ao regresso de Sena Santos à rádio, tendo em conta as suas altas qualidade profissionais. Mas talvez que para a generalidade dos leitores que só podem contar com o texto, o que lá está objectivamente escrito ou aludido, pareça mais uma "entrega" do que uma "redenção". E se assim foi, falhou o alvo.

A minha assistente, por exemplo, que estava a ler a crónica ao mesmo tempo que eu, quando chegou ao fim, logo exclamou: mas isto é um elogio ou uma denúncia pública? Só nesse momento me dei conta de que há muito conheço o trabalho de Sena Santos mas nunca lera nem ouvira nada de menos abonatório quanto ao seu comportamento pessoal. Foi preciso que Prado Coelho o anunciasse ao mundo, no seu Fio do Horizonte. Logo, não há dúvida de que, para mim (e para quantos mais?), a novidade residiu nos alegados actos censuráveis do jornalista. É quanto basta para concluir que a crónica terá acabado por funcionar mais como denúncia pública do que como elogio. Seguramente que não foi essa a intenção de Prado Coelho. Mas foi o que ficou no texto. As palavras, de resto, são assim. Por vezes, atraiçoam mesmo quem as trata por tu. Acontece aos melhores.

10 outubro 2006

Excerto de um livro não anunciado (342)

McGuire (1969) resume e explica deste modo a posição actual sobre o problema: “pode ser que se uma pessoa tira a conclusão por ela própria seja mais persuadida do que o seria se fosse o falante a fazê-lo por ela; o problema é que nas situações de comunicação mais usuais o sujeito é insuficientemente inteligente ou não está suficientemente motivado para tirar a conclusão por ele próprio e por isso, não capta o núcleo da mensagem, a menos que a fonte tire a moral da mesma por ele. Na comunicação, parece que não é suficiente conduzir o cavalo à água; alguém tem que puxar-lhe a cabeça para baixo e fazê-lo beber” (*)

(*) Cit. in Richard E. Petty e John T. Cacioppo, (1996), Attitudes and Persuasion: Classic and Contemporary Approaches, Oxford: Westview Press, p. 76

Novas ligações

A partir de hoje enriquecem a lista de links do Retórica:

A destreza das dúvidas
AGENDA ZARCO
Ar fresco
Nortadas
Política e Sociedade
Tomar Partido

09 outubro 2006

Não tem nada que saber

Há universidades que estão a receber centenas de alunos sem o 12º ano, ou mesmo sem o 9º ano. A possibilidade foi aberta pela autonomia dada pelo Governo, em nome da igualdade de oportunidades na educação.

in Sol, 07 Out 2006

Por este andar, se um destes alunos, depois de licenciado, voltar ao secundário para fazer o 12.º ano, ainda irá sair com uma pós-graduação. Não tem nada que saber. Literalmente.

08 outubro 2006

Por onde tenho andado

Países visitados: 20
Espanha, Andorra, França, Mónaco, Alemanha, Holanda, Áustria, Suíça, Itália, Grécia, Turquia, Dubai, Abdu Dhabi, Angola, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Estados Unidos, Grand Cayman, México e Jamaica.
(8% do planeta)

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Os jornais e as vendas por catálogo

A forma como se têm feito campanhas em Portugal é mais ou menos como dizer: "isto, como jornal, não vale nada, mas se queres um talher com banho de ouro ou um DVD da moda, tens de levar com o nosso pasquim".

in Política e Sociedade

Se não é, é como se fosse. Basta pensar no caso dos jornais (de referência...) que já têm mais artefactos em stock do que muitas empresas de vendas por catálogo.

Contra mim falo: não me importo de comprar o jornal mais manhoso se com isso conseguir um bom livro por metade do preço. Aliás, no caso, ideal mesmo seria que o jornal não acompanhasse o livro, para que este me saísse ainda mais barato.

E é aí que me interrogo se um jornal que passa a funcionar mais como entreposto comercial do que como órgão de comunicação para melhor sobreviver, não está antes a apressar o seu fim. Como jornal, naturalmente.

07 outubro 2006

Abaixo de qualquer suspeita

Quantos dos melhores alunos que todos os anos saem das faculdades conseguem colocação num órgão de comunicação social? E quantos filhos, primos, enteados, sobrinhos, amigos de jornalistas o conseguem, mesmo que sejam estudantes calaceiros de comunicação ou que nem sequer tenham cursado a matéria?

José Carlos Gomes, Comentários do Jornalismo e Comunicação, 26 Set 2006

Que a cultura da exigência é, entre nós, sistematicamente atraiçoada pelos laços familiares, pelo amiguismo, pela troca de favores, não será propriamente novidade. Mas como combater tal estado de coisas se os "escolhidos" sempre se refugiam no argumento de que não podem ser prejudicados só por serem filhos (netos, sobrinhos, amigos, etc.) de quem são (como ainda recentemente sucedeu com a filha do ex-Presidente da República) e os "escolhedores", por sua vez, declaram a sua "escolha" como a mais indicada e mais competente para o lugar?

Claro que sempre se pode dar essa (fantástica?) coincidência. No jornalismo, na política ou em qualquer outra actividade. Ainda assim, não seria mais prudente evitar a dúvida que fatalmente irá ficar no ar? A decisão cabe a cada um. Mas a responsabilidade pela eventual suspeita pública, também. Pena é que não tenhamos ainda o jornalismo de investigação que a opacidade política, económica e jurídica em que vivemos, exigiria.

Não é fácil dizer bem do Governo

Deste ou de outro qualquer. Mas a iniciativa de acabar com a diferença de datas-valor para créditos e débitos praticada pela generalidade dos bancos nos depósitos em numerário, merece o maior aplauso. Idem aspas para a nova regra que obriga o banco a atribuir data-valor do dia útil seguinte ao do depósito, no caso de cheques de outras instituições bancárias.

De facto, é inconcebível que o dinheiro correspondente ao depósito de um cheque numa dada conta só se encontre disponível passados dois, três ou até mais dias úteis. Principalmente quando se sabe que quem emite o cheque fica de imediato sem a respectiva quantia. Será, talvez, um bom exemplo de como a concorrência, sendo salutar, não faz milagres. Ponto para o Governo.

05 outubro 2006

O par de mamas de uma lambisgóia

04 outubro 2006

Excerto de um livro não anunciado (341)

Um outro problema que se apresenta ao orador é o de, no final da sua argumentação, descobrir qual a melhor forma de tornar a conclusão verdeiramente persuasiva: apresentá-la explicitamente ao auditório, ou, pelo contrário, deixar que este a descubra pelos seus próprios meios? Temos aqui um confronto entre o método directivo e o método não-directivo, que Jaspars (1978) resolve a favor do primeiro ao sustentar que os estudos sobre a modificação de atitudes mostram que é mais eficaz a apresentação directa das conclusões ao receptor (*). As múltiplas variáveis que afectam o processo persuasivo alertam-nos, porém, também neste aspecto, para os perigos de uma visão demasiado simples ou redutora. Urge por isso ter sempre presente as condições concretas da persuasão, nomeadamente, as características particulares do auditório, pois como verificaram Hovland e os seus colegas, o que se passa, mais exactamente, é que se, em geral, o anunciar da conclusão pode incrementar a probabilidade do interlocutor compreender e reter os argumentos, já no caso especial dos receptores que são capazes de, por eles próprios, chegarem à conclusão, a probabilidade de reterem a mensagem e operarem a modificação da sua atitude será bem mais elevada

(*) Cit. in Pio Ricci Bitti e Bruna Zani (1997), A comunicação como processo social, Lisboa: Editorial Estampa, (2ª. ed.), p. 251

03 outubro 2006

Jornalismo desaparecido

02 outubro 2006

Má arbitragem

A confirmar-se que o Apito Dourado era de ouro falso, alguém terá apitado antes do tempo. Dentro do campo seria "benefício ao infractor". Fora do campo é o que falta saber. Mas é capaz de não ser muito diferente...

01 outubro 2006

Excerto de um livro não anunciado (340)

Estas indicações, porém, não chegam a pôr em crise o método de apresentar apenas argumentos favoráveis que mantém a sua utilidade e eficácia num grande número de situações argumentativas. Hovland (1949) aliás, há muito estabelecera a necessidade de se recorrer a ambas as formas de argumentar, em função das particulares características do respectivo auditório, depois de ter chegado experimentalmente a uma conclusão deveras interessante: que a comunicação através de argumentos contrários é mais efectiva para as pessoas que estão melhor informadas sobre a questão em apreço e que inicialmente se opõem à respectiva proposta mas o mesmo já não sucede com aqueles que pouco sabem da questão e que inicialmente estão de acordo com o que lhes é sugerido, perante os quais a comunicação exclusivamente à base de argumentos favoráveis se revela mais eficaz (*).

(*) Richard E. Petty e John T. Cacioppo, (1996), Attitudes and Persuasion: Classic and Contemporary Approaches, Oxford: Westview Press, p. 74