31 março 2006
Levanta-te e ri

Jogador de futebol do F. C. Porto:
"O meu coração só tem uma cor: azul e branco"
Relator de futebol:
"Chega agora a informação: o jogador que há pouco saiu lesionado sofreu uma fractura craneana no joelho"
Jornalista da TVI:
Foi assasinado mas não se sabe se está morto"
Jornalista (sobre o caso Aquaparque):
"Os aquaparques têm feito, durante este ano, muitas vítimas. Que o digam os dois mortos registados este mês..."
Jornalista da TVI:
"Os sete artistas compôem um trio de talento"
Bom... é melhor ficar por aqui, não vá isto pegar-se...
30 março 2006
A importância dos conselhos

Excerto de um livro não anunciado (300)

28 março 2006
Jornalismo fraudulento

"Estas agências recebem dinheiro de institutos públicos e empresas privadas para colocarem nos jornais notícias-favoráveis aos pagantes e evitarem as críticas. A pedido da agência, o jornal publica notícias revelando a extraordinária actividade do gestor público Sicrano, ou a espantosa eficácia da empresa Chispêteó"
"É um mistério sem ser um milagre que a imprensa 'se preste a publicar estas notícias a rogo, deixando que outros vendam às ocultas o seu espaço e prestígio, pois, sendo séria, ela própria lança dúvidas sobre a sua seriedade. (...) Mesmo que este esquema seja um serviço público desconhecido, há um problema: o esquema é escondido ao leitor. O leitor lê uma notícia a rogo, julga ler o jornal dos jornalistas e, sem o saber, lê a publicidade oculta de um instituto público ou de uma empresa privada.
Ainda se poderá chamar de jornalismo a uma coisa destas?
27 março 2006
Senhora me perdoe

Gaia à frente

Aliás toda a zona ribeirinha (Porto e Gaia) está cada vez mais soberba, até à noite. Vale a pena lançar-lhe um olhar de 360º. Experimente.
Excerto de um livro não anunciado (299)

26 março 2006
Ser justo

Se as 400 medidas com que o Governo quer "tornar mais simples o dia-a-dia do relacionamento dos cidadãos com o Estado" forem todas tão acertadas como esta, por exemplo, o melhor é começar já a aplaudir. Porque ser justo não é uma questão de ideologia ou militância partidária. Ser justo é, como sabemos, uma questão de carácter.
Para compreender Platão

"O problema não é tanto o facto de ele escrever inteiramente em forma de diálogo, de modo que ele pode não estar a assumir as teses colocadas na boca de uma das suas personagens"
Hare, R. M., (1998), O Pensamento de Platão, Lisboa: Editorial Presença, p. 36
Porque será tão sistematicamente esquecida ou ignorada esta (mais do que) possível diferença entre as teses que Platão coloca numa das suas personagens (Sócrates) e as suas próprias convicções filosóficas? O que nos autoriza a confundir (ou identificar) o pensamento de Platão com as falas que este põe na boca do personagem Sócrates? Terá Platão realmente diabolizado a retórica como ainda hoje se diz à boca cheia?
Eis algumas das questões que analiso neste meu ensaio "A Retórica da Verdade em Platão". Para quem se interessa por estas "picuinhices" aqui ficam, por inteiro, o resumo e o 2.º capítulo: Quem fala por Platão?.
24 março 2006
23 março 2006
O olhar mediático
Manuel António Pina (*)

Era David Hume quem dividia as percepções da mente em duas espécies, segundo os seus diferentes graus de força e vivacidade. As menos fortes e vivazes seriam os pensamentos, as ideias. Às outras, chamou-lhes “impressões”, querendo com isso dizer “todas as nossas percepções mais vívidas, sempre que ouvimos, ou vemos, ou sentimos, ou amamos, ou odiamos, ou desejamos ou exercemos a nossa vontade”. Nenhuma evocação ou antecipação imaginária teria, por isso, a mesma força que possui a experiência original, de que ambas são meras cópias. Mesmo quando a memória e a imaginação “representam o seu objecto de uma maneira tão vívida que quase podemos dizer que o vemos ou sentimos”, ainda aí, segundo Hume, o pensamento ficaria sempre aquém da “mais obtusa das sensações”.
A questão que levanta o mediático “olhar em volta” do poeta Manuel António Pina é a de saber se ainda será defensável uma tão irredutível diferença entre a “experiência primeira” e a sua representação, entre a sensação “ao vivo” e o reminiscente pensamento. Não apenas porque os “media” se afirmam hoje como protésica extensão dos nossos olhos e dos nossos ouvidos mas, sobretudo, porque mesmo se nem sempre retratam o mundo com toda a fidelidade, fazem-no, porém, sob diferentes ângulos, cores, formas, ritmos e efeitos que escapariam, por certo, à “percepção natural” ou directa.
Daí que a realidade mediática seja sempre uma outra realidade, uma realidade que tem em conta o mundo tal como é mas também o mundo que pode (ou que poderia) vir a ser. Está em causa, pois, muito mais do que um olhar fotográfico. Ler jornais, ouvir rádio, ver televisão, é também aceder à contínua reelaboração do mundo da vida. E isto porque a representação surge cada vez mais colada ao real que, a um tempo, representa e enriquece.
Torna-se assim muito problemático aceitar que as “impressões”, no sentido humeano, possam continuar teórica e exclusivamente alocadas à “experiência primeira” até porque, num certo sentido, a mediatização desta última dá origem, ela própria, a uma nova experiência “ao vivo”, na qual, como não poderia deixar de ser, também ouvimos, vemos, sentimos, amamos ou odiamos, desejamos ou exercemos a nossa vontade. Faz por isso todo o sentido o feliz dizer do poeta: “Olho em volta, que é como quem diz leio jornais e vejo TV".
(*) in Visão, 23 de Fevereiro 2006
21 março 2006
Excerto de um livro não anunciado (298)
19 março 2006
Uma loja iluminada
.

Sejam quais forem as suas motivações últimas, empresas (ou entidades similares) como estas, que respeitam (também) os interesses do consumidor, merecem o devido destaque público na televisão ou na rádio, no jornal ou no blogue e até, porque não, nas conversas de café. Ainda bem, por isso, que o Rui Branco, seguindo a opinião de alguns leitores do seu blogue, acabou por nos anunciar a loja onde foi tão bem atendido: a Gillamp do CCColombo. Uma loja iluminada, já se vê.
Nota-Porque razão deveríamos dar aqui o maior relêvo às empresas que nos servem mal (PT Comunicações, Telepac, Netcabo, etc.) e nem sequer mencionar aquelas de quem só temos a dizer bem?
Excerto de um livro não anunciado (297)

No quadro da persuasão, onde se situa a retórica, pode afirmar-se - ainda mais acentuadamente do que em qualquer outro tipo de discurso - que a finalidade do raciocínio é a decisão, uma decisão que fundamentalmente consiste em escolher uma das duas opções sempre em aberto: aderir ou não aderir. Referimo-nos aqui não apenas ao acordo final do auditório quanto à validade das teses que lhe foram propostas, mas também à adesão a cada uma das premissas e dos argumentos avançados pelo orador nas diferentes fases do seu discurso. É este o entendimento que se mostra mais de acordo com a interrogatividade em contínuo defendida por Meyer e que implica que, para decidir e raciocinar em cada uma dessas diferentes fases, o auditório (ou decisor) deva ter conhecimento prévio:
a) da situação ou problema que requer uma decisão
b) das diferentes opções de resposta
c) das consequências de cada uma dessas opções
São estas as três condições em que a retórica e a persuasão podem aspirar à adesão crítica do auditório. Do lado do orador, correspondem ao imperativo ético de não escamotear a verdadeira natureza do problema que carece de solução consensual, dar a conhecer ao auditório as diferentes respostas possíveis em vez de ocultar as que lhe pareçam “inconvenientes” e, por último, enunciar as previsíveis consequências de cada uma dessas opções. Do lado do auditório, prefiguram as três exigências básicas da respectiva tomada de decisão, de tal modo, que, uma vez não satisfeitas, legitimam, por si só, o silêncio ou recusa de aderir. E se a adesão (ou não adesão) é a consequência natural do raciocinar e decidir, então, dir-se-á, há-de ser também nessas duas instâncias do pensamento que a persuasão se submeterá à mais dura prova da sua eficácia.
17 março 2006
E não os conheço de lado nenhum
E foi tudo fácil. Escolhi um nome, fiz meia dúzia de cliques e o meu pedido de registo ficou pronto em dois tempos. Por email, automaticamente ou não (não cuidei de averiguar) mas sempre de imediato, a empresa ia-me pondo ao corrente dos dados que recebera e do que me faltava fazer. Fui a uma caixa do Multibanco, transferi a devida importância para a conta que me fora indicada e fiquei a aguardar a confirmação do registo.
Calhou mal. Fui informado de que as esquisitas normas da FCCN - Fundação para a Computação Científica Nacional não permitem o registo de um domínio .pt em nome diferente do que constar do documento identificativo oficial. Um empresário em nome individual, por exemplo, não pode registar o domínio as.pt ainda que se chame antónio santos. Com o dinheiro já do lado de lá e sem conhecer a arsys.pt de lado nenhum, pensei imediatamente em lhe dizer adeus. Por imperativo de consciência especialmente aguçado em tempo de crise, resolvi pegar no telefone e marcar o numero azul 808 78 1000.
Tenho má memória destes números coloridos (azul, verde, etc.). Regra geral representam esperas intermináveis até que alguém atenda, seguida de uma fila de desculpas de mau pagador. Daí a minha surpresa. Fui prontamente atendido e, pasme-se: sem música. Primeiro veio o João. Uma simpatia. Muito interessado em me resolver o problema, apesar de não ser da sua especialidade, foi-me dando preciosas dicas. Depois chegou o António (era hora de almoço) que rapidamente se inteirou da minha situação, respondeu a todas as minhas perguntas com interessada competência e não abandonou a linha sem antes me guiar passo-a-passo no novo registo que, naquela mesma hora, pude efectuar. Problema resolvido. Cliente satisfeito. E como não poderia deixar de ser... muito grato. Afinal, fui tratado como um amigo quando não os conheço de lado nenhum. O mínimo que posso fazer é tornar pública esta minha gratidão. Pronto, já está.
Quem julga a Direcção Geral de Saúde que é?

Hans Jonas (*) viu-se grego, como se sabe, para descobrir os critérios que deveriam presidir à escolha de quem se poderia candidatar à promessa tecnológica do prolongamento artificial da vida. Pessoas de especial qualidade e mérito? De grande destaque social? Aqueles que a podem pagar? E não vislumbrando uma solução eticamente satisfatória acabou por reconhecer que o justo era que toda a gente tivesse a mesma possibilidade de aceder a tal benesse. Bons tempos, esses, em que a ética era, em si mesma, um limite à tomada de decisões discriminatórias.
Mas é claro que Hans Jonas nem era português nem está já entre nós. Quem está entre nós são, por exemplo, os actuais técnicos da Direcção Geral de Saúde que, sem qualquer cerimónia, já escolheram os 100.000 portugueses “fundamentais” que irão ter direito à vacina contra a gripe aviária. Sucede que enquanto Jonas lidava apenas com a mera possibilidade de se prolongar a vida, as decisões da DGS podem representar uma potencial condenação à morte antecipada de muitos cidadãos. Daí a pergunta: quem julga a Direcção Geral de Saúde que é?
(*) Hans Jonas, (1994), ÉTICA, MEDICINA E TÉCNICA, Lisboa: Vega
16 março 2006
Excerto de um livro não anunciado (296)

(*) António Damásio, (1995), O Erro de Descartes, Mem Martins: Publicações Europa-América, (15ª. Ed.), p. 187
15 março 2006
Sem pedras na mão

João Morgado Fernandes diz neste seu cirúrgico Editorial tudo o que responsavelmente se pode dizer, por agora, sobre o futuro do relacionamento entre o novo Presidente da República e o Primeiro Ministro. Com realismo, com boa fé analítica e, sobretudo, sem recorrer às apocalípticas profecias com que outros começaram, desde já, a envenenar o país, o Director-adjunto do DN faz-nos ver que se nem tudo são rosas, também não há qualquer razão para se ver espinhos por todo o lado. E que, sobretudo, não nos devemos substituir ao próprio tempo. Quem sabe se o entendimento entre José Sócrates e Cavaco Silva não irá ainda surpreender muito boa gente? Aguardemos… sem pedras na mão.
14 março 2006
Olha para o que eu digo...
"Vital Moreira muda da NetCabo para a concorrência. O comunismo - que Vital Moreira deixou de abraçar há uns anos - não move nem comove, mas, vindos de quem vêm, estes tardios e comoventes apelos ao funcionamento do mercado e à severidade concorrencial fazem-me perceber que nada como o capitalismo poderá ir tão assombrosamente longe em matéria de redenção do homem."
E eu que ainda no meu post anterior defendia a coerência de tão iluste consumidor.
O controverso alerta-vermelho

Mas para grande azar do insigne professor de direito, o seu “candidato-maldito” acabou por vir a ser eleito pelos portugueses, por sinal, com maioria absoluta. E para agravar o desaire, mais de 85% do eleitorado ignorou o candidato apoiado por Vital Moreira. Não deve ter sido fácil. Qualquer outro meteria a viola no saco e... fingia-se de morto por uns tempos. Mas o comissário Vital, honra lhe seja feita, é um político (sim, um político) de fibra, que não esmorece na afirmação dos seus mais antigos ideais pelo que, ao menos para ele, “a luta continua”. Se disse tão mal de Cavaco-candidato, é da mais fundamental (ou fundamentalista?) coerência política que continue a dizer, se possível, pior ainda, de Cavaco-Presidente. E o primeiro sinal veio logo no dia seguinte às eleições quando classificou como vitória fraca… uma vitória por maioria absoluta.
Agora decidiu, pelos vistos, reactivar o seu alerta-vermelho, accionando de novo as sirenes da atoarda política, aparentemente contra tudo o que o novo Presidente da República possa dizer ou decidir. Um bom exemplo desta sua aparente obsessão anti-cavaquista está aqui, neste post, onde lhe deu para classificar como preocupante que Cavaco Silva tenha opiniões controversas sobre a “constituição europeia” e a “centralização do país”. Mas então não são precisamente esses dois assuntos tão controversos na sociedade portuguesa? Se um assunto é controverso como pode o Presidente da República ter sobre ele uma opinião não controversa? Será que para o digníssimo professor de direito a opinião do Presidente seria menos controversa se coincidisse com a sua? Francamente...
13 março 2006
11 março 2006
Excerto de um livro não anunciado (295)

10 março 2006
Tempo de confiar
Schopenhauer
in Parerga I, La philosophie universitaire. Trad. francesa, em: Philosophie et philosophies, p. 42

Dia cheio para Cavaco Silva. Pelo discurso e pela pose (que tem a sua função), parece que Portugal vai ter um digno Presidente da República. É, contudo, muito cedo para embandeirar em arco pois tudo o que temos, por agora, não passa de um bom punhado de intenções. Falta o melhor: as obras, as decisões e as iniciativas concretas que podem conduzir à recuperação social e económica do país. Mas, por agora, como até o inveterado pessimista Schopenhauer diria, é tempo de confiar.
08 março 2006
Um Presidente sem modéstias
António Costa Pinto: Jorge Sampaio tem uma visão institucionalista da Presidência da República
Paulo Varela Gomes: Jorge Sampaio é um fraco.
Joaquim Aguiar: um Presidente da República não se autoavalia.
Carlos Abreu Amorim: se o Presidente da República não tem uma palavra a dizer no que toca à credibilidade das instituições então não sei onde é que a poderá ter.
Finalmente alguma pluralidade opinativa em contraponto com uma série de acolhimentos mais ou menos lineares do entendimento que Jorge Sampaio tem do seu próprio desempenho: "acho que me devo deixar de modéstias e que posso dizer que o balanço é positivo". Quem fala assim...
07 março 2006
Comunicação municipal: democracia versus eficácia

"Comunicação Institucional nas Autarquias Locais" - assim se chamava o seminário que decorria na sala D. Luís, do panorâmico Pestana Porto Hotel, destinado a técnicos ou assessores de comunicação das autarquias. Entre os acreditados oradores encontrava-se Narciso Miranda que quando cheguei já abandonava apressadamente o local, ao volante de um BMW 320 d, preto, novo em folha ou quase. Querem ver que o homem anda ainda mais ocupado agora do que quando presidia à Câmara de Matosinhos?
Mas não foi Narciso quem me levou lá. Fui propositadamente para assistir à intervenção do professor e investigador Eduardo Camilo, da UBI, que fez, por sinal, uma excelente comunicação, onde sobressaiu a apresentação de um específico modelo de comunicação municipal com base nas seguintes características:
1) Divisão do trabalho comunicacional (plano de partida, plano processual e plano de chegada)
2) Dimensão dialógica e interactiva
3) Princípio democrático versus princípio da eficácia
4) Os dois públicos-alvo: utentes (consumidores) e munícipes (cidadãos politicamente activos)
5) Heterogeneidade das produções linguísticas
6) Abertura aos novos meios e tecnologias de comunicação (com Know how técnico adequado)
7) Possível produção de efeitos perversos
Foi, sem dúvida, um final de tarde ganho e muito bem ganho, onde aprendi coisas que me serão muito úteis. E a avaliar pelas reacções que se seguiram à palestra, o auditório não terá ficado menos satisfeito do que eu. O Eduardo Camilo e a UBI estão, por isso, de parabéns.
Excerto de um livro não anunciado (294)

06 março 2006
Match Point
05 março 2006
Choque cordial
04 março 2006
Da pureza original aos pecados do tempo
"Igreja perde gestão da Casa do Gaiato
A Casa do Gaiato vai ter, pela primeira vez na sua história, um dirigente não-sacerdote. A Segurança Social decidiu tomar em mãos as rédeas da instituição, depois de uma auditoria da Inspecção-Geral ter denunciado diversas situações de maus tratos físicos e psicológicos sobre os menores residentes nas diversas casas da instituição."
É impossível não reparar na mensagem de fundo para que esta notícia nos remete. Quem a souber e quiser ler que a leia. Mas concerteza que de uma instituição "nas mãos" da Igreja não se espera que seja preciso o Estado chamar a si a iniciativa de acabar com tão deplorável "acolhimento" dos menores que lhe estão confiados. Igualmente preocupante parece ser a substituição de um padre por um leigo no cargo de futuro director da instituição, contra a vontade da Diocese do Porto que "tentou, ainda, encontrar uma solução dentro do clero, para que se mantivesse a 'pureza original (?) do projecto do padre Américo', mas não o conseguiu". Aparentemente, o Governo "não acreditará" que um outro padre pudesse dar tão boas garantias de desempenho como as que dá um leigo. O que, atenta a moralidade do que está em questão, dá que pensar. Ou não dá?
Nove(s) fora de prazo
Pergunta-se: porque é que o senhor Procurador não tem a delicadeza de os estabelecer?
03 março 2006
Excerto de um livro não anunciado (293)
De um lado, o agente de seguros, procurando realizar mais um negócio. Do outro, um candidato a cliente, avaliando as possíveis vantagens de subscrever um seguro de vida. A comunicação está a correr bem para ambos: o agente-vendedor sente que conseguiu prender a atenção e o interesse do seu interlocutor, enquanto que este se mostra visivelmente satisfeito pelo modo como está a ser esclarecido sobre a utilidade do respectivo seguro. Até que a certa altura, o vendedor, pretendendo dar uma ideia o mais exacta possível de como o seguro de vida funciona e, ao mesmo tempo, “acelerar” a persuasão do cliente, socorre-se de uma ilustração claramente retórica: “imagine que o senhor vai morrer amanhã. Nesse caso, a seguradora pagaria imediatamente o respectivo capital seguro”. E confiante neste efeito de presença, conclui a sua argumentação, ficando somente a aguardar a tomada de decisão do interlocutor, na expectativa de que, tendo este dado o seu acordo a cada uma das premissas da sua argumentação, irá agora, finalmente, subscrever o respectivo seguro de vida. Surpreendentemente, porém, o cliente desinteressa-se do seguro e, pedindo apressadas desculpas, some da sua vista. Em suma, uma venda fracassada, um acto persuasivo ineficaz.
01 março 2006
Jornalismo de tiro ao alvo
"Através deste diálogo consigo reconstituir o que aconteceu utilizando soluções ficcionais - e é grande a probabilidade de, no essencial, acertar em relação ao que se passou"
Probabilidade de acertar? Será que o jornalista JRS faz da procura da "verdade" um campeonato de tiro ao alvo?