Cavaco Silva: um político amador?
* É um argumento fraco:
porque permite uma réplica fácil, acabando por favorecer quem não o introduziu no debate público. Veja-se a contundente (e legítima) reacção de Mário Soares.
* É um argumento venenoso:
porque de forma indirecta mas sem margem para qualquer dúvida, traduz um censurável “ataque à pessoa” do(s) seus concorrente(s). Golpe baixo por parte de quem se apresentou como paladino do respeito pelos outros candidatos…
* É um argumento irrelevante:
porque ser político profissional em nada desqualifica um candidato a Presidente da Republica. Pelo contrário, pode até fazer presumir mais aptidão para o desempenho de tão alto cargo do que se não o fosse.
Um erro de palmatória na retórica cavaquista que o traquejo dialéctico de Mário Soares jamais poderia deixar passar em claro. Daí a pergunta (retórica) certeira e letal:
Quando um candidato a presidente da República diz que não é um político profissional, o que quer dizer com isso?
A pergunta já surtiu efeito. Mas a emenda, essa parece ainda pior do que o soneto. Então não é que uma anónima “fonte da candidatura de Cavaco” vem agora explicar que quando ele afirma que não é político profissional, pretende apenas mostrar que não é carreirista da política e o seu percurso tem, sim, por base o ensino universitário (...)?
Ou seja, ser carreirista na política é mau, ser carreirista na docência é bom. Valha-nos santa madre. Será que Cavaco Silva só vai parar com este argumento de que não é um político profissional quando Mário Soares o reconhecer, finalmente, como um político amador?