31 outubro 2005

Cavaco Silva: um político amador?

O argumento de que Cavaco Silva não é um político profissional é um argumento fraco, venenoso e irrelevante.

* É um argumento fraco:
porque permite uma réplica fácil, acabando por favorecer quem não o introduziu no debate público. Veja-se a contundente (e legítima) reacção de Mário Soares.

* É um argumento venenoso:
porque de forma indirecta mas sem margem para qualquer dúvida, traduz um censurável “ataque à pessoa” do(s) seus concorrente(s). Golpe baixo por parte de quem se apresentou como paladino do respeito pelos outros candidatos…

* É um argumento irrelevante:
porque ser político profissional em nada desqualifica um candidato a Presidente da Republica. Pelo contrário, pode até fazer presumir mais aptidão para o desempenho de tão alto cargo do que se não o fosse.

Um erro de palmatória na retórica cavaquista que o traquejo dialéctico de Mário Soares jamais poderia deixar passar em claro. Daí a pergunta (retórica) certeira e letal:

Quando um candidato a presidente da República diz que não é um político profissional, o que quer dizer com isso?

A pergunta já surtiu efeito. Mas a emenda, essa parece ainda pior do que o soneto. Então não é que uma anónima “fonte da candidatura de Cavaco” vem agora explicar que quando ele afirma que não é político profissional, pretende apenas mostrar que não é carreirista da política e o seu percurso tem, sim, por base o ensino universitário (...)?

Ou seja, ser carreirista na política é mau, ser carreirista na docência é bom. Valha-nos santa madre. Será que Cavaco Silva só vai parar com este argumento de que não é um político profissional quando Mário Soares o reconhecer, finalmente, como um político amador?

30 outubro 2005

Ou eu ou a ditadura?

Não haverá, de momento, qualquer razão objectiva para afirmar que tal como se previa, a candidatura de Mário Soares está decididamente apostada em evitar o regresso da ditadura! - como o faz Diogo Pires Aurélio, na sua crónica do DN de hoje.

Mas se os "fantasmas" a que Soares vem associando a possível vitória de Cavaco não permitem uma tão categórica afirmação, já tornam, talvez, mais do que legítima a pergunta:

Está a candidatura de Mário Soares decididamente apostada em evitar o regresso da ditadura?

Às vezes chega a parecer que sim, ou seja, que Soares parou no tempo.

29 outubro 2005

O "pessoal" do partidos

É muito prematuro antecipar resultados", disse [Jerónimo de Sousa], assegurando que o PCP "está neste combate determinado a chegar tão longe quanto seja possível e o povo queira".

Acho muito bem. Se um partido (o PCP ou qualquer outro) está empenhado no presente combate eleitoral, é justo que possa chegar tão longe quanto possível. O que não acho bem é que continuem a insistir que as Eleições Presidenciais são de carácter pessoal. De tanto repetirem ainda corremos o risco de acreditar...

Procuro e não te encontro

Deduzo que há muito voto à esquerda que se esconde das sondagens.O importante para a avaliação da saúde da opinião pública em Portugal é entender porque essa intenção de voto mais à esquerda está a passar à clandestinidade.

Medeiros Ferreira - Bicho Carpinteiro

Procuro e não te encontro – terá dito para si mesmo Medeiros Ferreira, a propósito do “misterioso” desaparecimento do “voto mais à esquerda” nas recentes sondagens. Tratando-se de um indefectível soarista, compreende-se o desalento. Mas em nome do próprio passado político de Mário Soares, não seria de reservar um uso mais qualificado e restrito para a expressão “passar à clandestinidade”?

28 outubro 2005

Todos iguais / Todos diferentes

Somos magros, muito magros, gordos ou muito gordos. Somos altos, muito altos, baixos ou muito baixos. Somos fortes, muito fortes, fracos ou muito fracos. Somos diferentes. E, em alguns casos, muito diferentes. No agir e no reagir, no pensar e no sentir. Ninguém diria, por isso, que tão pouco nos separa uns dos outros. Mas segundo os cientistas que vêm decifrando toda a informação contida no genona é isso mesmo que acontece. Somente 0,1 por cento do dito genoma nos distingue, dado que partilhamos 99,9 por cento do nosso património genético.

O genoma, como lembrava Clara Barata, ontem no Público, “é a sequência completa das bases químicas que compõem os degraus da espécie de escada de corda enrolada que é a molécula de ADN, e que são identificadas pelas iniciais A, C, G e T. Esta sequência, que nos seres humanos é composta por três mil milhões de letras, é muitas vezes comparada a um manual de instruções para construir todas as proteínas necessárias a um ser humano: os seis mil milhões de pessoas que vivem hoje na Terra partilham 99,9 por cento desse texto. Mas as pequenas variações individuais, o que se poderia dizer serem as gralhas, omissões e repetições, têm uma extraordinária importância a nível individual. Essas variações podem ser de apenas uma única letra (por exemplo, um A onde outras pessoas têm um G). Tais substituições são denominadas 'polimorlismos' (conhecidas pela sigla em inglês 'SNP'). A um grupo de 'SNP' numa deterninada região de um cromossoma chama-se haplotipo.”

Segundo a Nature, está em curso o HapMap, um projeto iniciado em 2002, que recorrendo aos haplotipos pretende criar um mapa dos padrões de variação genética entre os seres humanos para permitir investigar as que podem afectar a saúde e o modo como influenciam as doenças com origem em vários genes. Escusado será dizer que vem aí um admirável mundo novo.

27 outubro 2005

Ninguém anda a dormir

Diz Mário Soares que com ele os portugueses poderão dormir tranquilos. Mas o problema é que ninguém anda a dormir. Não é enquanto dormem que os portugueses querem ficar tranquilos mas sim, quando estão acordados. E, pelos vistos, se há coisa de que realmente precisam é de ficar de olhos bem abertos.

25 outubro 2005

Direito de aprender/legitimidade para ensinar

* Aviso amigável: este post pode ser maior que a sua paciência.

Se aprender é um direito de todos, quem (e quando se) detém a legitimidade (moral) para ensinar?

Foi esta a 2.ª questão avulsa que deixei na “caixa de comentários” do
Conversamos e a que a Lucília Nunes, prontamente, respondeu:

aprender é um direito? diria que não. Ter as condições para aprender, para a educação, sim. Mas aprender parece-me mais do foro de cada um e assim como que um dever (apetecia-me mesmo era escrever "imperativo") ... de se melhorar, de se superar e de se desenvolver (estou a falar de adultos, claramente). Quem detem a legitimidade moral? Da forma como leio moral, responderia "aquele a quem é reconhecida"...

Hoje toca-me a mim comentar os dois pontos comuns quer à minha 2.ª questão avulsa quer à resposta da Lucília Nunes: o direito de aprender e a legitimidade para ensinar.

1) O direito de aprender:

É precisamente por estarmos a falar de adultos que considero que aprender é um direito (de todos). Um direito cujas possibilidades de exercício permanecem sempre em aberto. Porque como já escrevi, a cada um e só a cada um compete decidir sobre o grau de investimento cultural a fazer na sua auto-formação, em função de necessidades e ambições pessoais que só a si cabe definir (*). Dir-se-á, por isso, que a responsabilidade pelos êxitos ou fracassos é a justa contrapartida dessa sua liberdade. E é também por ser do foro de cada um que o aprender se constitui como direito e não como dever. Porque este vai sempre para além do próprio sujeito, isto é, o dever implica, necessariamente, o outro. É no agir consciente e respeitador da dignidade desse outro que toda a eticidade se manifesta. Fernando A. Cascais defende que “ao tu deves ético antecede sempre um tu és antropológico” (**). E de facto, antes de tudo o mais, o sujeito é, ou melhor, vai sendo o que, em grande medida, aprende. O direito de aprender surge assim como um direito natural. Sem a liberdade de escolha que lhe corresponde até a noção de dever perderia sentido. Por outro lado, o direito de aprender não só está antes como independe das “condições para aprender”. Basta lembrar que ninguém perde um direito só porque em dada altura não existem condições para o concretizar. É assim, por exemplo, com a saúde, com a imagem pessoal e com a posse. E é também assim com o aprender.

2) A legitimidade para ensinar:

Quanto à questão da legitimidade moral para ensinar, mais do que encontrar uma resposta fechada, o que parece verdadeiramente importante é conservar a pergunta. Porque esta é uma daquelas questões que valem por si mesmas, que rastreiam o perigo de se cair na falsa aparência ou, ainda pior, numa ideia fixa. A legitimidade moral para ensinar deve, por isso, constituir uma permanente interrogação do professor a si próprio. Evidentemente que não estou aqui a pensar no trivial reconhecimento da instituição académica que responde pela sua qualificação para o ensino ou até no prévio assentimento do aluno. Qualquer desses “reconhecimentos” ou “autorizações” precedem o acto de ensinar/aprender, para além de, quase sempre, corresponderem a um juízo em abstracto, mais fundado nas expectativas e nas necessidades dos destinatários do que na consideração do concreto desempenho de quem se propõe ensinar. São, além disso, uma decisão situada, que momentaneamente se diz mas que carece de ser auto-reavaliada pela vida fora. Estou a pensar, isso sim, no “processo” de ensino/aprendizagem, na relação professor/aluno, no continuum pedagógico vivo e, por vezes, conflituante, que faz e refaz as mútuas ligações de entendimento mas também de agrado, de afecto, de respeito e até de autoridade, entre quem aprende e quem ensina. Será aí que o professor ganha ou perde a legitimidade moral para ensinar? Acredito que sim. A legitimidade para ensinar vem sempre da autoridade reconhecida, nunca da autoridade imposta, ainda que por via legal. Porque se a legalidade pressupõe a legitimidade, não a esgota nem com ela se confunde. Nenhuma lei se pode sobrepor à razão nem à natureza de onde emana. A legitimidade para ensinar há-de, por isso, buscar-se originariamente na pessoa do aluno e não na lei pois, como diz Lucília Nunes, só a detém “aquele a quem é reconhecida”. E diz muito bem.

(*) Cf. Américo de Sousa, (2001), A Persuasão, Covilhã: Editora da Universidade da Beira Interior, p. 123
(**) Fernando A. Cascais, “Salvar que natureza e que homem?” in Jonas, H., (1994), Ética, Medicina e Técnica, Lisboa: Vega, p. 9

24 outubro 2005

Anunciante "metido na ordem"

Quem se dê ao trabalho de ir consultar a declaração de princípios do ICAP-Instituto Civil de Autodisciplina da Publicidade, é muito possível que fique de pé atrás ao ler uma coisa destas:

"Com a auto-regulação da publicidade, a indústria demonstra a sua capacidade para se auto-regular de forma responsável, mediante a promoção activa dos mais elevados padrões éticos nas comunicações comerciais e a salvaguarda dos interesses dos consumidores (…) por forma a que os anúncios que não correspondam aos referidos padrões sejam rapidamente corrigidos ou retirados"

Mas o que é certo é que a notícia de hoje no JN, não deixa margem para dúvidas sobre a determinação deste instituto em promover uma adequada ecologia publicitária. Sob o esclarecedor título "Anúncio Bohemia retirado" escreve Isabel Forte:

O Instituto Civil da Autodisci­plina da Publicidade (ICAP) mandou cessar, este mês, a campanha publicitária da Sagres Bohemia, por a considerar publicidade enganosa. Uma decisão que foi acatada, há poucos dias, pela Sociedade Central de Cervejas. Em causa estava a inclusão, nos suportes outdoors e de te­levisão, de uma medalha, em forma de prémio, como tendo sido atribuída pela Convenção Europeia de Cervejeiros. Ora, argumenta o ICAP, se aquele organismo não pode atribuir qualquer prémio, então o anúncio induz o consumidor em erro. Em causa estava o facto de a campanha da Central de Cer­vejas reforçar a imagem da medalha com a frase "eleita caso de sucesso". Uma afirma­ção que poderia criar, "em qualquer destinatário médio, a falsa impressão de um reco­nhecimento oficial inexistente ou de um galardão que não lhe foi atribuído" . Após analisar bem a campa­nha, o júri do ICAP constatou que a imagem, embora "de fantasia", simbolizava uma medalha, não para "veicular' uma imagem 'de sucesso da cerveja", mas dando a ideia de "um prémio atribuído". Tal, concluiu, "resulta na suscepti­bilidade de indução em erro do destinatário das respectivas mensagens publicitárias e logo a verificação de uma prática de publicidade enganosa in­terdita". Pelo que deliberou que a campanha deveria "ces­sar de imediato". A Sociedade Central de Cervejas "reconheceu" a deci­são do ICAP e retirou, no início deste mês, a campanha do mercado."

Nota-os bolds são meus.

23 outubro 2005

Jornalismo de fascínio?

Segundo Pedro D'Anunciação (no Expresso desta semana), os banqueiros exercerão sobre os jornalistas o mesmo fascínio que o dinheiro sobre quase toda a gente. Terá sido o que ocorreu nas entrevistas de António Horta Osó­rio, representante em Portugal do grupo espanhol Santander, a Maria-João Avillez ("Outras Conversas", SIC-Notícias, domingo passado, 22h) e de Ricardo Salgado, presiden­te do Espírito Santo, a Judite de Sou­sa ("Grande Entrevista", RTPI, 3.ª úl­tima, 22hIS):

"As jornalistas perdem aquela des­confiança profissional com que en­frentam os políticos, e mostram de re­pente um olhar embevecido, uma voz quase doce, uma expressão encanta­da. Se as respostas dos políticos mere­cem todas as dúvidas e exigem esclarecimentos muito detalhados, arrancados a ferros, de cenhos franzidos, cheios de insistências enfadadas - as dos banqueiros, pelo contrário, mesmo que não respondam a nada, são recebidas como se tivessem garantia de qualidade."

Para além do estilo

Cavaco Silva apresentou-se como candidato presidencial e disse ao que vinha. Mas não disse nem se vê que alguma vez pudesse ter dito:

- candidato-me para impedir que a caminhada de Mário Soares para Belém se transforme num passeio triunfal.

Pelo contrário, deixou claro que não se candidata contra ninguém. E isto, mais do que uma diferença de estilo, é, fundamentalmente, uma diferente maneira de ser.

Coelho à caçador

Pelas declarações que fez ontem no Porto (*) sobre o candidato Cavaco Silva, o grande Jorge Coelho parece andar mais à caça dos defeitos de Cavaco do que das qualidades de Soares. O que o torna muito mais opositor do primeiro do que apoiante deste último...

(*) Escutei estas declarações de Jorge Coelho na TSF mas a julgar pela não existência da notícia "online", a comunicação social não lhe terá ligado nenhuma (por vezes, os critérios jornalisticos funcionam mesmo).

Adenda: afinal sempre acabou por surgir a procurada notícia "online". Está aqui.

22 outubro 2005

As palavras e o mundo da vida

É o Dia da Alimentação. Ou seja, dia da fome; se uma palavra parece negativa, converte-se em positiva e tudo fica mais sereno.

Haro Tecglen (*) - (in JN de 21 Outubro 2005)

Como diria Bertolt Brecht, a celebração de um dia "anual" seja do que for, justifica-se pela excepção e não pela regra. Por exemplo, se se comemora um "Dia Anual do Ambiente" é porque os restantes dias do ano não o são (atente-se nas repetidas agressões ambientais, essas sim, diárias...). Pela mesma razão só se justifica um "Dia da Alimentação" enquanto houver fome no mundo.

Temos assim que se trata de um verdadeiro "Dia da Fome" pois é também a quem passa fome que se destina. Mas perante as conhecidas limitações genético-culturais do nosso entendimento, a palavra é poderosa e faz milagres. Dizer de uma garrafa que está meio meio vazia sugere sempre ou quase sempre uma realidade menos positiva do que apresentá-la como meio cheia. Tal como falar em "Dia da Alimentação" se torna muito mais positivo ou agradável do que anunciar cruamente um "Dia da Fome", ainda que a realidade subjacente seja exactamente a mesma.

Há aqui como que um mascaramento referencial da linguagem que, de tão presente e repetido em múltiplas situações comunicacionais do quotidiano, acaba por iludir a mais atenta vigilância crítica. É o que se passa, por exemplo, no mundo dos seguros onde as diferentes Companhias ainda hoje chamam Seguro de Vida a uma apólice que, afinal, só funciona em caso de morte. São as palavras e o mundo da vida.


(*) Foi escritor e jornalista do "El País".

21 outubro 2005

A Retórica no IV Congresso da SOPCOM

Terminou hoje mais um congresso das Ciências da Comunicação (SOPCOM), desta vez na Universidade de Aveiro. Assinale-se que, pelo segundo ano consecutivo, a Retórica dispôs de uma mesa temática a qual tive, aliás, a honra de coordenar em conjunto com o Prof. Tito Cardoso e Cunha. Nela foram apresentadas as seguintes comunicações:

A RACIONALIDADE DA RETÓRICA
por Tito Cardoso e Cunha (UN) e Américo de Sousa (UBI)
- As bases fundacionais e epistemológicas da retórica

DE UMA RETÓRICA DA PERSUASÃO PARA UMA RETÓRICA DA SEDUÇÃO
por Ivone Ferreira (UBI)
- Um novo género retórico: o discurso publicitário

PARA A CONSTRUÇÃO DE UM DISCURSO SOBRE PRÁTICAS INFORMATIZADAS EM PORTUGAL 1995-2005

por Graça Rocha Simões (UN)
- A dimensão retórica e argumentativa em contextos históricos/tecnológicos particulares

PROCESSOS DE MEDIAÇÃO NA TELEVISÃO: O CASO DOS PROGRAMAS DE CIÊNCIA
por: José Azevedo, Luisa Aires, José Abreu e Ana Isabel Couto (UP)
- A mediação retórica dos processos de mediação presentes nos programas de ciência

Seguir-se-á, naturalmente, a consulta das actas do congresso, para um maior aprofundadamento das respectivas comunicações, cujos autores, dada a manifesta escassez de tempo, não puderam, por agora, ir além dos seus traços mais gerais. Uma coisa é certa: são cada vez mais evidentes os sinais da crescente revitalização dos estudos retóricos em Portugal.

20 outubro 2005

Golpada de consumidor

Garantimos as prestações mais baixas do mercado - é o que diz a publicidade ao crédito habitação deste conhecido banco. Por isso, deixa-me cá pensar:

1) Numa situação de (feroz) concorrência, como é o caso actual do crédito habitação, o mais natural é que não tarde muito que outros bancos venham a prometer o mesmo que este.

2) E tratando-se de uma promessa pública, (a bem ou a mal) é para cumprir.

Já sei: vou esperar e ficar atento. E a partir do momento em que pelo menos dois bancos estejam a prometer o mesmo que este, só tenho que iniciar um lucrativo vaivém entre um banco e o outro, para cada um ir baixando as prestações que o banco concorrente me ofereceu. Não sei se estão a ver, mas se me descuido, um desses bancos ainda vai ter que pagar as prestações por mim...

PS-Escuso de dizer que peço o maior sigilo, não é?

Excerto de um livro não anunciado (261)

Algo de parecido se passa na política. Os políticos falam, discutem entre si, apresentam os seus projectos, proclamam o seu sentido de justiça, a sua competência, mas é o chamado país real que, em última instância, decide sobre o valor das suas propostas e candidaturas. Tomemos como exemplo, os debates que as estações de televisão habitualmente promovem em tempo de campanha eleitoral, onde os representantes das diversas forças políticas se mostram especialmente pródigos nas chamadas promessas. Precisamente por se tratar de promessas, ou seja, do mero anúncio das acções a desenvolver, a preocupação de cada representante político é a de criar o maior efeito de presença possível, a fim de que aos espectadores não passe despercebida a importância e o valor com que as rotulam. Sem dúvida que a criação desse efeito de presença, é um recurso retórico, como o são muitas outras técnicas argumentativas utilizadas pelos participantes em tais debates que, desse modo, poderão ser designados como debates retóricos. Só que não basta dotar o discurso de forma ou estrutura retórica, para que a retórica se realize. Mais do que os estilos de linguagem ou técnicas de dizer a que se recorra é preciso que os argumentos se esgrimam ao nível das próprias razões substantivas, que os participantes se subordinem a um confronto pluralista de ideias, teses ou propostas, que se empenhem honestamente na procura consensual da solução preferível ao invés de, como tantas vezes sucede, se predisporem, desde o início do debate, a fazer vencer a sua posição contra tudo e contra todos.

19 outubro 2005

Aprender versus ensinar

Estará a aprendizagem para a liberdade assim como o ensino está para a opressão?

Esta foi a primeira de três questões mais ou menos avulsas que formulei nos Comentários do Conversamos onde Lucília Nunes acabara de explicitar o sentido que dá a uma das suas “palavras mui amadas”: aprender. A Lucília - partindo (e bem) do princípio que o meu “está para” remete para uma relação de tipo analógico - já teve a amabilidade de me responder que não. E explica porquê: “Porque o ensino não oprime necessariamente e a aprendizagem liberta quem por ela se deixa ou quer libertar”. Tenho a sensação (apenas isso) de que, como tantas vezes acontece no diálogo (muito mais no regime da escrita do que no da oralidade) também aqui, uma boa parte da nossa diferença de entendimento pode ficar a dever-se não só à ambiguidade da própria palavra como a não coincidentes perspectivas de analisar o mesmo fenómeno. Mas isso é o que logo veremos. Por agora, aproveitarei o meu comentário à resposta da Lucília para precisar um pouco mais (e se possível, melhor) o sentido da minha questão.

1.

É um facto que recorri a uma analogia. Mas uma analogia, como ensina Perelman, é uma semelhança de relação e não uma relação de semelhança. Foi a esta semelhança de relações que me referi: a semelhança da relação entre a aprendizagem e a liberdade, com a relação entre o ensino e a opressão. Tal semelhança de relação também não implica que no terreno dos factos, a aprendizagem leve necessariamente à liberdade e o ensino conduza necessariamente à opressão. Os conceitos de liberdade e opressão são aqui tomados, portanto, do ponto de vista da sua dimensão estrutural e objectiva, ou seja, inteiramente “desintencionados”. E é nestes precisos termos que se mostram analiticamente cotejáveis com duas actividades distintas mas naturalmente vizinhas e complementares: aprender e ensinar.

2.
A proposta é, pois, a de observar a realidade e dela abstrair as suas características estruturantes. É olhar, desde logo, para uma qualquer relação professor-aluno e perceber que nela existe uma evidente assimetria relacional de saber e poder, que redunda na imposição ao aluno de um dado “package” de saberes e condutas. É neste sentido que o ensino sempre pré-delimita a liberdade de escolha do aluno ou aprendiz, e ao fazê-lo, necessariamente oprime ou impõe. Tem toda a razão a Lucília quando lembra que “o ensino não oprime necessariamente”. Mas também não deixa de ser elucidativo que tenha recorrido a uma expressão modal (necessariamente) para negar a opressão do ensino. Ora dizer que “o ensino não oprime necessariamente” não é ainda afirmar que o ensino não oprime. Tal como, pela minha parte, perguntar se a aprendizagem está para a liberdade assim como o ensino está para a opressão, não é ainda afirmar que o ensino é opressão. O que é então? É, simplesmente, reconhecer que a aprendizagem favorece a liberdade de formação cultural enquanto que o ensino emerge de uma estrutura forçosamente impositiva de saberes e até de valores.

3.
Não se trata, assim, de defender ou preconizar uma utópica liberdade de aprender nem, muito menos, de condenar ou de desqualificar o ensino, mesmo admitindo que, como sustenta Olivier Reboul, “pode-se aprender, e até muito, sem professor e até sem ensino” e inversamente “pode-se receber um ensino sem nada aprender”. Do que se trata é de reconhecer que o ensino é por natureza, autoritário e opressor, na medida em que se impõe ao livre aprender. E é justamente a consciencialização desta “distância” entre quem aprende e quem ensina, que poderá estar na base de uma atitude mais compreensiva, motivadora e tolerante (diria mais persuasiva) por parte do professor, naturalmente que sem quebra dos seus poderes de direcção. Tenho aliás forte suspeita de que é o que acontece na maioria das situações que fazem jus à central afirmação da Lucília: “o ensino não oprime necessariamente”.

18 outubro 2005

Blastocisto: do trofectoderme às celulas estaminais

Desculpas por este título tão pouco "amigável" para o comum dos mortais, de que aliás sou lídimo representante. Mas não me ocorreu melhor maneira de chamar a atenção (por contraste) para a simplicidade e clareza com que Teresa Firmino escreve, na edição de ontem do Público, sobre uma das mais promissoras áreas da investigação científica, a das células estaminais. Leitura indispensável para quem, além do mais, goste de saber o que o futuro nos reserva:

É na fase em que o em­brião é uma bolinha oca, um blastocisto, que desperta muito interesse aos cientis­tas que trabalham em células estaminais. Tem então uma cama­da externa de células, chamada trofectoder­me, que dá origem à placenta e a todos os tecidos destinados a sustentar e a proteger a gravidez. Lá dentro está outra bolinha, que não tem mais de uma centena de células, encostadas umas às outras: são essas célu­las, as estaminais ou indiferenciadas, que vão dar origem a todos os tipos de células diferenciadas que constituem o corpo, desde as do fígado, da pele, do sangue até às do coração, do cérebro ou dos rins. Como têm a potencialidade de originar todos os tipos de células, a ideia é que tal­vez se possam usar para regenerar o fíga­do, o cérebro ou o coração, por exemplo. Os fetos, o cordão umbilical e os adultos também têm células estaminais, mas já não possuem tantas potencialidades. Têm já algum grau de especialização: por exemplo, as células estaminais do sangue dos adultos só já dão origem aos vários tipos de células do sangue, mas não a neurónios ou a células da pele. É por isso que os cientistas cobiçam tanto as células esta­minais embrionárias e, se aprenderem a manipulá-las de forma a originarem o tipo de células desejadas, os doentes terão à disposição toda uma nova variedade de tratamentos. Não só se resolverá o problema da escassez de órgãos para doação, como se evitarão os problemas da rejeição pelo sistema imunitário. Mais ainda: haverá soluções para doenças in­curáveis e sem possibilidade de recorrer ao transplante, como são as doenças de­generativas do cérebro. (Teresa Firmino, in Publico, p. 24 - 17 Outubro 2005)

17 outubro 2005

A (in)certeza da Lei

No TC [Tribunal Constitucional] há por vezes razões que a razão constitucional desconhece.

Vital Moreira - Causa Nossa, in "Razões", 17 de Outubro 2005

Talvez que isto seja bem mais grave do que parece. Numa sociedade em que o escrutínio ético-juridico e legal vem aumentando de dia para dia, como pode um simples cidadão conformar os seus actos com a lei, se no próprio tribunal de mais alto nível reina esta incerteza de juízo interpretativo?

O mais criativo exemplo de mau perder

16 outubro 2005

A magia do gato

Para Arnold Gehlen (*) o homem de todas as culturas primitivas e de todas as altas culturas como a egípcia, a grega e a romana, sempre esteve preso a uma espécie de técnica sobrenatural (a que hoje chamamos magia). E face às práticas mágicas perfeitamente estereotipadas que continuam a ter lugar, independentemente de raças e de graus de cultura, é ainda Gehlen quem considera que a extraordinária expansão da magia em todo o mundo e a sua persistência em todas as épocas só pode radicar em algo de antropologicamente fundamental. É bem provável que sim, que a magia seja constitutiva do humano e que a razão, desse modo, nem tudo possa explicar. Por entre as apertadas malhas da razão logico-discursiva com que mais rigorosamente partilhamos ideias e conceitos, interpor-se-á então uma não menos racional comunicação de sentimentos e emoções, quer a pessoas, quer a animais.

É aqui que entram os adorados gatos do Paulo Cunha Porto e a simpática interpelação que me faz. Porque na ausência de um código partilhado, creio que a comunicação com um animal tem menos de retórica e mais de magia (a qual não carece de explicação). Até admito que o «O gato, efectivamente, não se deixa dominar, deixa-se apenas Persuadir. Quem o souber persuadir, obtém dele o que quiser». Não sou tão próximo dos gatos como se revela o Paulo e posso até adiantar que, para mim, as mulheres têm estado e estarão sempre em primeiro. Mas convém recordar que se toda a retórica é persuasão nem toda a persuasão é retórica. Só é verdadeiramente retórica uma comunicação que se estruture na tríade "ethos-logos-pathos" o que não é o caso da comunicação com um animal onde, quando muito, intervém apenas um mitigado pathos. Por outro lado, na impossibilidade da troca das palavras, pode-se realmente falar numa retórica dos gestos. Mas numa retórica dos gestos (tal como, mais generalizadamente, numa retórica de imagens), os gestos (ou as imagens) terão que oferecer aos seus destinatários um determinado "espaço interpretativo" (**) que forçosamente remete para o Logos. E com franqueza, não vejo que um gato tenha arcaboiço para tanto. Mas posso estar errado. Nada como aguardar o douto esclarecimento do caríssimo PCP.

(*) Cf. cit. in Américo de Sousa, (2004), O Homem Com Medo de Si Próprio, Porto: Estratégias Criativas, p. 19
(**) Cf. Vilém Flusser, (1998), Ensaio sobre a Fotografia, Para uma Filosofia da Técnica, Lisboa: Relógio D'Água, p. 28

A despedida do Sr. Director: nem oito nem oitenta

O discurso de despedida do ainda director do Expresso, José António Saraiva, é um modelo de "humildade". Sobretudo porque conseguiu dizer de si próprio aquilo que mais ninguém disse. Terá sido para compensar a "secura" do comunicado da Impresa que de José António Saraiva se limita a referir-lhe o nome? Não se sabe.

O que se sabe é que a afirmação de que "Não temos uma única derrota na nossa folha de registo" aponta mais para uma certa obsessão pelo volume de tiragens ou n.º de exemplares vendidos do que para a qualidade do jornal propriamente dita.

O que se sabe, enfim, é que a expressão "Vencemo-los sempre!" quando referida, como é o caso, aos jornais concorrentes (que JAS não se coíbe de nomear), revela a supremacia de uma intenção erística (vencer por vencer) sobre o o rigor e valia do jornalismo praticado. Como que o insucesso mercadológico de tais concorrentes alguma vez pudesse certificar a qualidade do Expresso...

O Expresso é um grande jornal. E um director que permanece 22 anos à frente de um jornal como o Expresso só pode ser um grande director, independentemente das pontuais divergências de ideias ou de estilo que tenha suscitado. Mas a credibilidade e a serenidade (que JAS expressamente valoriza), para já não dizer o simples bom senso, mandariam que tivesse fugido de tão descabelado triunfalismo. É que nem oito nem oitenta...

"Entregar o ouro ao bandido"

Esther Mucznik inicia a sua crónica de ontem, no Público, com esta verdadeira "pérola" político-eleitoral:

No seu número anterior às elei­ções autárquicas, a revista Sá­bado convidou um grupo de po­líticos de diferentes quadrantes a adivinhar a origem partidária de propostas constantes de programas eleitorais não identi­ficados. Este jogo curioso, porque é de um jogo que se tratava, teve resultados interessantes: os intervenientes foram praticamente inca­pazes de detectar a que partidos pertenciam os excertos dos programas eleitorais seleccio­nados, incluindo os seus próprios. Francisco Louçã, por exemplo, confundiu uma proposta de Fátima Felgueiras com uma do BE, o presi­dente do CDS trocou a autoria dos programas do PS e do PSD e uma proposta de Rui Sá da CDU foi peremptoriamente qualificada por Maria deBelém como "impossível de ser de um partido de esquerda".

Defendo há muito que os tradicionais conceitos de "esquerda" e "direita" vêm perdendo grande parte da sua operacionalidade analítica. Mas, com toda a fraqueza, nunca pensei que o processo estivesse tão adiantado. Francisco Louçã confundindo uma proposta de Fátima Felgueiras com uma proposta do seu Bloco de Esquerda? Isso é o que se chama "entregar o ouro ao bandido"...

Excerto de um livro não anunciado (260)

Parece, por isso, que não se justifica cometer ao orador uma especial posição de vantagem ou de sobrepoder perante aqueles a quem se dirige, pelo menos, na perspectiva de que daí decorra, inevitavelmente, que o auditório fica automaticamente privado de controlar a situação retórica. Pelo contrário, é razoável supor que, devido ao princípio da inércia de que nos fala Perelman, os ouvintes tendam para apreciar e reagir da mesma forma que anteriormente, em situações análogas, se daí não resultarem consequências visivelmente funestas. Logo, em princípio, o ónus da mudança nos costumes e na forma habitual de um auditório apreciar e decidir sobre determinado tema, forçoso é concluir, recai, invariavelmente, sobre o orador. E este, por mais que domine as técnicas retóricas, por muito eloquente ou sedutor que se mostre, nunca tem antecipadamente garantida a adesão às suas teses. E porquê? Porque numa relação retórica é aquele que toma a palavra que se sujeita a exame e quem aprova ou reprova, quem se constitui como júri de avaliação do seu desempenho são os que o escutam, é o auditório. É sempre este que detém a ultima palavra, o poder de decisão. Decisão sobre a bondade da tese que lhe é apresentada e, correlativamente, sobre a pertinência e adequação das razões invocadas pelo orador e até, sobre a postura assumida por este último no decorrer da sua argumentação.

14 outubro 2005

As mulheres na blogosfera

As diferenças no modo como observam estes e outros temas estão relacionadas com o que são como pessoas, com as suas expectativas, com as suas capacidades, e não com o simples facto de serem mulheres.

Carla Quevedo - Bomba Inteligente

Tanto e tão bem que assim fica dito. Também penso (sempre pensei) que as pessoas podem valer mais, ou valer menos, enquanto homens ou mulheres. Mas nenhum homem ou mulher vale seja o que for... se nada valer como pessoa.

13 outubro 2005

O argumento do ruído

O argumento que José Manuel Fernandes trouxe ontem (ontem/hoje) ao "Clube de Jornalistas" de que o Público não esclareceu atempadamente o "caso Fátima Felgueiras" por não querer acrescentar ruído em plena campanha eleitoral, tem toda a aparência de uma mal ensaiada justificação. Porque se a preocupação do Público era realmente essa, o que tinha a fazer era não publicar a própria notícia.

Sim porque não é sequer sustentável a ideia de que às portas das eleições (em 22/23 de Setembro), o director do Público ainda desconhecesse o impacto político-eleitoral que forçosamente iria causar a publicação de factos tão graves como "Fátima Felgueiras manteve, nos últimos meses, contactos com a cúpula do PS, que serviram para concertar as condições do regresso a Portugal, a par de algumas garantias recíprocas" e "esses contactos ocorreram desde finais de Maio e foram estabelecidos, pelo menos, com dois membros do Secretariado Nacional dos socialistas".

Logo foi precisamente a notícia do Público que causou o verdadeiro e mais do que previsível "ruído", o mesmo que o seu director veio agora dizer que não quis alimentar com a publicação do tão solicitado esclarecimento.


Obs- Já quanto à natureza do tão solicitado esclarecimento, considero que as declarações de JMF foram muito informativas, nomeadamente, quando explicitou as razões que suportam a credibilidade das respectivas fontes. Foi mesmo mais longe do que seria, talvez, de esperar, quando nos deu conta de que possui provas documentais que põem em crise algumas das afirmações de Fátima Felgueiras.

12 outubro 2005

Micro-causa nossa

Já me pronunciei aqui no passado dia 1 sobre a surpreendente resposta-desmentido que Fátima Felgueiras deu ao Público. Alguma sobriedade no título do meu post - "Contra a insinuação de facto" - pode eventualmente explicar o facto de ter escapado ao rastreio a que, nomeadamente o Bloguítica e o Jornalismo e Comunicação submeteram os blogues onde o esclarecimento do Público era solicitado. Mas foi também isso que aqui se fez e precisamente nestes termos:

"Contra a insinuação de facto

Não tenho prestado muita atenção à "novela" do caso Fátima por me parecer que nada acrescenta ao folclore político em que há muito mergulhamos. Mas do ponto de vista jornalístico, e a confirmar-se o que em direito de resposta Fátima Felgueiras afirma na edição de ontem do Público, não deveria o jornal elucidar um pouco mais o leitor sobre os critérios de verificação que seguiu? É que vai uma grande diferença entre o que, segundo o Público, a candidata terá desabafado - "não era isto que estava combinado?" - e o ter perguntado "apenas por que razão continuava ali", como a própria defende. Impunha-se, por isso, o esclarecimento do jornal. Além do mais, porque a insinuação não cabe no facto."
Sabe-se, entretanto, que várias dezenas de blogues se associaram a um protesto encabeçado pelo Bloguítica contra o silêncio que o jornal continua a manter face ao desmentido formal de Fátima Felgueiras. Mas o ruído subiu de tom quando apareceram alguns blogues a denunciar eventuais segundas intenções (presumivelmente interessadas) por parte dos promotores de tal protesto, o qual foi, aliás, rapidamente apelidado de cruzada contra o Público.

Mesmo presumindo a melhor intenção de todos, é uma pena que as diferenças de opinião nos mobilizem mais para os ataques pessoais do que para uma serena análise do que realmente está em causa. É uma pena que a controvérsia nos arraste para a intransigência, para a disputa, para a mútua desqualificação. Mas parece que é essa a crua realidade que sistematicamente nos bate à porta, sempre que se trate de formar uma opinião ou vontade colectiva. Por isso é tanto mais de saudar a lucidez e serenidade com que Manuel Pinto se pronuncia hoje no seu blogue Sobre os porquês de uma movimentação na blogosfera.

Obs-Diga José Manuel Fernandes o que disser, logo mais, no "Clube de Jornalistas", não o dirá no lugar certo que seria, sem dúvida, o seu próprio jornal.

11 outubro 2005

Benidorm

Excelentes praias à escolha: a do Levante (a mais chique) e a do Poniente (a mais popular).

Ambiente de festa e burburinho na cidade, nos restaurantes e bares, muitos deles animados pelos mais variados agrupamentos musicais. Tranquilidade e sossêgo para quem prefira uma desportiva caminhada pelo panorâmico monte de Rincon de L'Oix.

Ao almoço, refeição rápida mas bem confeccionada, no "Gambo Saladar", ali no gaveto da Avenida da Europa com a Avenida do Mediterrâneo (preço médio: 10/15 Eur p/pessoa). Boa cozinha, dentro das limitações dos “combinados”.

À noite, uma jantar de estalo no Restaurante Ulia, na 1.ª linha do Poniente, especializado em peixe e marisco. Preferência: entrada de "fritura de chopitos", seguida de uma monumental paella de marisco. Soberbo na qualidade e factura a condizer (preço médio: 30/40 Eur p/pessoa)

Manhã de praia, banho de sol e mar. À tarde, uma ida às compras, tomar um “expresso” no Café de Paris e ficar por lá, na esplanada, lendo um livro previamente escolhido ou simplesmente folheando o jornal. Parece que a vida continua lá fora. Mas dentro de nós há, finalmente, todo o tempo do mundo para ler, para pensar, para observar, para sorrir. É uma verdadeira ocupação.

Dias tão preenchidos pedem à noite o reparador descanso. E é aí que se percebe a importância de um bom hotel.
Deste, por exemplo (clique em "Hotel Virtual Tour", pelo menos, nos modos "Lobby" e "Pool"). Mas um hotel que, além de luxuosamente equipado, possui 9.500 m2 de jardins e piscinas, é ele próprio um destino, uma verdadeira estância de férias, dentro da conhecida cidade turística.

Importante: fechar condignamente a estadia implica uma ida ao "Palace de Benidorm" (preço médio p /pessoa: jantar+espectáculo - 40 Eur), o maior palco da Europa, para assistir a um grande show internacional e, em particular, ao imperdível flamenco. Já na despedida, o excelente conjunto privativo proporciona um derradeiro pé de dança. Agora sim, podemos voltar à Terra.

10 outubro 2005

Era bom mas acabou-se

Foi o que se pode chamar... umas mini-férias de eleição, neste caso, de eleições. Agora é hora de accionar o regresso. Em slow motion, claro...

03 outubro 2005

Abençoado feriado

E então, como estava dizendo... vou ali e já venho. Será assim como que uma dupla-ponte para enganar as férias. Mas tenciono vir a tempo de votar. Já nem sei bem porquê...

02 outubro 2005

Bendita seja a clarividência

01 outubro 2005

Contra a insinuação de facto

Não tenho prestado muita atenção à "novela" do caso Fátima Felgueiras por me parecer que nada acrescenta ao folclore político em que há muito mergulhamos. Mas do ponto de vista jornalístico, e a confirmar-se o que em direito de resposta Fátima Felgueiras afirma na edição de ontem do Público, não deveria o jornal elucidar um pouco mais o leitor sobre os critérios de verificação que seguiu? É que vai uma grande diferença entre o que, segundo o Público, a candidata terá desabafado - "não era isto que estava combinado?" - e o ter perguntado "apenas por que razão continuava ali", como a própria defende. Impunha-se, por isso, o esclarecimento do jornal. Além do mais, porque a insinuação não cabe no facto.